Eu queria escrever um post alegre, ou pelo menos leve. Tem tanta coisa boa acontecendo na minha vida esses dias, mas tem também uma ansiedade à qual eu vinha me recusando a dar nome. E a verdade é mesmo que eu não ando nada, nada leve. De uns meses pra cá eu vinha dormindo bem, sono pesado, sonhos bons. Sono daqueles que quando a gente acorda se estica toda e sente aquela cãimbra gostosa na batata da perna, e acorda renovada pela fisgada. (Sim, eu adoro cãimbra, até porque eu criei a teoria de que as preocupações vão pra batata da perna e são dispersadas na dor). Mas nos útimos dias, nenhuma fisgadinha na batata da perna, nenhuma noite de sono reparadora. Semana passada tive um pesadelo, do qual não lembrei de manhã. O namorado me contou que a noite eu chorava que nem bebê, que acordei assustada, disse duas palavras emboladas e dormi de novo. De manhã eu lembrava da sensação de impotência e desespero, de um não poder resolver, de um não ser suficiente que me exasperava, mas segui a vida sem lembrar de nada. Nem precisa ser Carl Jung pra saber que eu tô engolindo algum sapo e nem quero assumir que o cururu tá entalado. Hoje, ao receber uma correspondência, lembrei do sonho, enxerguei a aflição, dei nome aos bois. Eo pior: descobri que eu sou muito mais covarde do que eu me desenhei. A verdade é que eu queria mesmo uma varinha mágica pra resolver as coisas que eu não tenho peito pra encarar. E isso me coloca no lugar que eu tanto critico e do qual eu semprei jurei fugir: o de covarde.