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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ciber divagações

Eu adoro o ciberespaço. É o não-lugar mais legal do mundo, na minha opinião. Poder continuar conectada às pessoas, ao mundo, ao que acontece fora desse escritório, enquanto estudo, trabalho, escrevo é pra mim um grande barato. Outro dia eu tava escrevendo um artigo pra um congresso - ops! - eu tava na verdade editando um Frankstein enquanto conversava no MSN. É muito, mas muito mais divertido trabalhar assim. Eu preciso, tenho necessidade mesmo de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. E poder escrever enquanto converso, navegar enquanto estudo, falar besteiras e não-besteiras enquanto produzo é o céu pra mim.
Além de que eu sou a pessoa mais gregária que existe: preciso de gente perto de mim, de muita gente, de barulho, de calor, de interrupção. Não funciono no silêncio e tenho um medo horrível de solidão. E a sensação de que tem pessoas bem ali à distância de um clique me deixa mais tranquila.
Mas tem uma coisa engraçada: eu nunca, nunquinha fiz amigos na internet. Eu, a própria miss sociabilidade, nunca tive um único amigo virtual. Na verdade, na internet me relaciono com as pessoas que já fazem parte da minha vida, mesmo que muitas delas permaneçam muito mais no ciberespaço que no mundo offline. Mas deve ser mesmo porque eu sou muito de pele, de olho, de cheiro. Sempre escolhi meus amigos assim, mesmo que de maneira inconsciente: pelo que me fazem sentir, pela companhia que me faz bem, pela conversa que me faz abrir o coração, pelo cheiro, pelo olhar que me conforta ou me desconcerta.  E nisso o ciberespaço é (ainda) falho. E agora, boa noite pra meus amigos offline que andam por aqui.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado, se quiser voar

Todo mundo adora dizer que detesta burocracia. Já virou um daqueles clichês que nem precisam mais ser repetidos. Duvido que alguém chegue numa roda e diga: "adoro ir à Secretaria de Fazenda/DETRAN/cartório pra resolver pepinos" ? Pois é, como todo mundo, eu também odeio ter que resolver essas coisinhas. Mas acho que no meu caso chega a ser uma coisa patológica, quase uma fobia de repartição pública.
Passei mais de três anos com minha carteira de motorista vencida, por pura preguiça de ir renovar. Tá, não era só preguiça, não. A certeza da impunidade também era uma grande estímulo. Durante todo esse tempo dirigi por Teresina sem que ninguém me parasse em blitz por causa das mágicas cadeirinhas de bebê que carrego no banco de trás. Sabe como é que é, né? Mãe de família = pessoa do bem. Além disso eu tenho uma mandinga da capa de Abraão que funciona que é uma beleza, e uma cara limpa pra ser a primeira a parar na blitz, sem que me mandem parar. Mas um dia nada disso funcionou. Eu tava no carro do meu pai (sem cadeirinhas mágicas, portanto), vestida de She-ra, a caminho de uma aula da saudade. Pois bem na frente do Jockey uma blitz me parou. E eu com a cara mais séria possível de mãe de família, montada de She-ra, com direito a tiara na cabeça e tudo. E quando eu finalmente encontrei o documento do carro e mostrei ao guarda, ele resolveu me deixar passar sem cobrar minha habilitação, mas não sem a piadinha: "Da próxima vez, venha no cavalo alado que não precisa ter carteira!" Então tá, seu guarda, vou fazer assim da próxima vez!
Agora tô enrolada com três documentos ao mesmo tempo. Tenho que tirar a segunda via do meu título de eleitor, porque agora resolveram que precisa dele pra votar. Tenho que tirar passaporte (que venceu) ou R.G. (que tem mais de dez anos de emissão e não serve pra entrar na Argentina). Pra tirar o passaporte, preciso ter o título, que eu não tenho ainda. Vou tentar amanhã tirar o R.G. Mas que saco isso, né? Podia ser tudo nas digitais e pronto!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

[de tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar
só falta você ouvir]

Alice Ruiz

Chatinha

Ora mais, o meu domingo foi ótimo. O dia todo de molho na piscina com as crianças, na companhia de amigos. A noite do domingo era só pra estudar mas - ora mais - ainda teve recreio com direito a sorvete do Pura Fruta e Diamante Negro guardado pro dia seguinte.

E, ora mais, eu dormi cedo e bem. Acordei cedo e mais lenta que o normal. Hoje eu passei o dia entre mau humorada e slow motion. Não sei se foi o calor da sala de vídeo do DCS. Não sei se foi o DVD que não funcionava. Não sei se foi o Zezinho que resolveu não abrir a xérox hoje. Não sei se foi a eletricidade que resolveu dar pane na Santo Agostinho. Não sei se foi o frio na barriga da confirmação do bate papo literário no Teresina Shopping. Ora mais, isso devia era me deixar feliz. Sei o que é, não. Só sei que não respondo mais pra ninguém que não, eu não tô na TPM porque eu não tenho TPM. Tem dia que eu fico assim infarenta, com preguicinha de viver. Óu quei?

Freezer

Em cada isopor, uma etiqueta: paixão, ódio, amor, paz, festa, ternura, saudade. Dentro de cada um, um coração. Trocado por ela ao sabor da conveniência. Difícil era voltar pra casa com o coração-paixão quando queria ter levado o coração-desprezo. Mas estava providenciando uma bolsa térmica.

(André Gonçalves. Coisas de Amor Largadas na Noite)

sábado, 25 de setembro de 2010

Sábado com Paralamas

Sim, eu sei que o vídeo é de péssima qualidade técnica, tá sem sincronia e ainda tá cortado no final. Mas vale pela música e pela prova de que o tempo deixa a gente bem melhor - como era esquisito o Herbert Viana na década de 80!

Apologizing

Eu até que acordei cedo e ainda consegui pegar o bonde andando. Eu até que acordei bem disposta e sorridente, mesmo sendo ainda tão cedo. Eu até que queria parar por aqui mais um pouquinho e escrever umas coisas que eu venho pensando. Mas tem tempo, não. O tempo ruge e a Sapucaí é grande. E só posso é pedir desculpas para meus queridos leitores que andam reclamando da falta de atualização. Vocês tem toda razão em reclamar. E eu garanto que na próxima semana eu me organizao pra estar mais presente aqui. Ah! E eu ainda acordei cantando Validuaté: "chove chuva chove chuva! chove chuva chove chuva!"

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bom dia com Leminski

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

13

Era uma vez uma menina que gostava de assistir a procissão de São Pedro, com seus barquinhos coloridos. Era uma vez a mãe da menina que contava a história do Pedro Pescador, e que a menina pedia sempre pra repetir. Essa menina adorava chuva e raio, e sempre visualizava São Pedro mexendo em alavancas, sentando numa cadeira de espaldar alto, toda vez que se anunciava chuva na Chapada do Corisco. E era uma vez um tal de Monteiro Lobato, que criou um menino chamado Pedrinho, que vivia no Sítio do Pica-Pau Amarelo e tinha uma irmã de nariz arrebitado como o da menina.
Era uma vez um susto. E uma alegria sem medida. Era uma vez um filho na barriga. Era uma vez a certeza de que ele só podia ser Pedro. Era uma vez um choro alto. Era uma vez um menino vermelho de dedos roxos. Era uma vez o maior amor do mundo - era invasão de amor entrando em todos os poros. Era uma vez a perplexidade - e existe amor assim?
Era uma vez uma menina que virou mãe e mulher. Era uma vez um filho que já nasceu adulto. Era uma vez a necessidade de ser sempre melhor pra ele. Era uma vez a certeza de que o aprendizado seria constante.
E é agora o menino que toca guitarra, que anda de skate, que emociona a mãe com suas palavras bem escritas. É agora o menino cuidadoso e preocupado, que chegou a oferecer à mãe as mesadas guardadas pra ajudar no tratamento do irmão. É agora o menino pirracento e de gênio difícil, igual ao da mãe. É agora o aluno exemplar, mas que não é CDF. É agora o menino argumentador, pra quem tudo tem que ter uma explicação. É agora o menino que joga um futebol de encher os olhos. É agora o menino com quem a mãe adora conversar. É agora o menino que divide com a mãe a paixão pelo mar. É agora o menino que quer liberdade e a mãe que não sabe como dar. É agora, oficialmente, o adolescente. E a mãe ainda tentando aprender como é que se cria gente que já nasceu criada. Parabéns, Pedroca.

domingo, 19 de setembro de 2010

Bom dia pra quem?

Além de dinâmica, folclórica e levemente frenética, naquele momento a vida lhe pareceu também excessivamente colorida. Caio Fernando Abreu


Bom dia pra você que acordou cheio de energia no domingão. (Mentira - odeio gente que acorda cheia de energia, especialmente no domingo.) Bom dia pra você que tem certeza que o roteirista que escreve sua série anda tomando umas coisas esquisitas. Bom dia pra você que só consegue definir a noite de ontem como surreal. Bom dia pra você que esqueceu as suas falas e teve que improvisar da pior maneira possível. Bom dia pra você que achou que bateu o carro mas na verdade só fez um barulhão. Bom dia pra você que atrai psicopatas. Bom dia pra você que tem amigas super animadas. Bom dia pra você que passou por N lugares, dançou ao som de música boa em péssimo som, e ainda assim não ficou cansada. Bom dia pra você que encontrou um e-mail de derreter corações de uma recém-conquistada amiga. Bom dia pra você que se sentiu especial nas palavras dela que te fizeram lembrar que é de carne e osso e outras pequenas substâncias que se faz uma mulher louca e feliz. Bom dia pra você que em 140 caracteres consegue vir de um lado ao outro. Bom dia pra você que rompe barreiras do tempo e faz hoje parecer igualzinho a todos os dias de anos anteriores. Bom dia pra você que tem o prazer de às vezes ver Caio Fernando Abreu levantar dos mortos e falar pra você. Bom dia!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hoje é Clarice


"(...)sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações. faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente de Deus, não Lóri mas o seu nome secreto que ela por enquanto ainda não podia usufruir, faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro."

Clarice Lispector

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pra começar o dia bem

Quando eu crescer, quero ser igual à Cristiana Guerra. Olha que lindo!
Boa quinta-feira pra quem tá perto, pra quem tá longe e pra quem mora sempre aqui dentro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Você já tomou o seu no fi-ó-fó hoje?

Eu escrevo todo dia, um pouco por necessidade, um pouco por compulsão. Escrevo aqui e em outros blogs, escrevo no diário, escrevo cartas vez ou outra, escrevo longos e-mails que viajam o mundo na velocidade que eu queria poder viajar, escrevo a coluna do jornal. Eu escrevo talvez porque me expresse muito mal ao falar. Escrevo porque com a letra impressa posso suprimir, cortar, mudar um parágrafo de lugar, tomar um atalho e nunca chegar. Mesmo sendo minha escrita sempre "de tirada", de uma vez só, ainda assim acho que na fala me atropelo bem mais, falo muito e não digo quase nada.
Mas a verdade é que quando escrevo não faço nenhuma distinção entre o que é verdade e o que é ficção. Jogo luz no que me interessa, encho alguns fatos de fermento e solenemente ignoro outros. Pego emprestados pontos de vista que não são meus e ideias jogadas por outros na mesa do bar, na sala de aula, no telefone. A vida é minha, o roteiro deve ser também. E se Deus ou sei lá quem, do alto de sua suprema ironia, insiste em escrever minha história como quer, eu me dou ao menos o direito de editá-la ao meu bel prazer.
É claro que às vezes alguém se reconhece no que escrevo. É claro que isso já me trouxe um ou outro probleminha. Mas nada demais, até porque ninguém nunca é identificado aqui nem em nenhum outro lugar onde escrevo. E tem tanto de ficção nas minhas palavras que seria até difícil saber de quem mesmo tirei esse ou aquele traço. (Mesmo assim, resolvi moderar os comentários aqui, porque não quero mais ter a infeliz surpresa de achar meu blog cheio de comentários esquisitos, ou de ter de lidar com trolls. E quer saber? Sou autoritária mesmo: o blog é meu, comenta quem eu quero. Ponto.)
Eu sei que a gente se apropria dos outros pra escrever o que quer. E não vejo nada de errado nisso, desde que se assuma que o que se escreve é SEMPRE ficção, e de que se proteja as identidades dos indivíduos usados como matéria-prima pra suas histórias. Mas tô mordida com a notícia de que eu sou uma das personagens do livro de um "amigo". A obra atende pelo "lisonjeiro" título "As mulheres que não comi". Favor não rir. Eu tô fazendo um mega esforço pra não usar nenhuma daquelas palavras que fariam a mamãe lavar minha boca com água sanitária. Ainda não li, mas já detestei. E queria agorinha mesmo escrever um livro chamado "Os homens que não amei" e colocar o infeliz como personagem principal. Melhor ainda: "O homem que não amei". Pronto, infeliz, já disse o que eu queria sem sequer tocar no seu nome. É assim que se faz, viu? Por enquanto é assim que eu faço.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rapidinha

TÁ CHOVENDO! E tá cheirando a terra molhada. E tá fazendo barulhinho bom. E agora eu tenho que terminar um artigo até meia-noite. E vai ser tão bom fazer isso com chuva. E eu vou fazer uma prece a Deus Nosso Senhor pra chuva continuar molhando minha rua. Pronto, acabou o momento rain freak!

domingo, 12 de setembro de 2010

Uma questão de referencial

Conheci Ferreira Gullar em 1994, através de um professor de literatura que eu amava. Conheci é maneira de dizer, obviamente. Fui apresentada pra sua obra por esse professor. Na verdade, ele me mostrou a poesia abaixo pra me convencer a esquecer meus preconceitos contra poesia rimada (sim, um dia eu pensei que tudo que rimava era chato). Foi a porta de entrada que eu precisava pra conhecer o poeta Ferreira Gullar, e depois o cronista, e depois o escritor de livros infantis (se você é, como eu, uma apaixonada por gatos e/ou por literatura infantil, leia "Um gato chamado Gatinho"). E lá se vão anos que eu leio e releio o moço. E o poema abaixo, mostrado pelo professor, me encantou ainda adolescente, muito por causa de uma paixonite que ostentava olhos verdes e pele morena.
DOIS E DOIS SÃO QUATRO
Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena
Como é azul o oceano
e a lagoa, serena
como os teus olhos são claros
e a tua pele morena
Como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena
Sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade, pequena.
E daí que hoje eu acordei pensando nesse poema. Na verdade, acordei com vontade de ler Ferreira Gullar. E como a minha vida está toda encaixotada, nem tive coragem de tentar achar nada. Mas tomei café-da-manhã pensando nesse poema. E em como ele tinha me encantado há uns bons quinze anos atrás, e em como continuava me encantando. E em como as razões pro encantamento vão mudando com o passar do tempo. Parece que só agora entendo como o pão é caro e a liberdade pequena. E como mesmo assim a gente encontra no meio do terror diário a alegria pra seguir vivendo e sorrindo e brincando de ser gente. Otimismo em estado puro, mas não o otimismo besta pollyanna. Otimismo gullariano - isso sim! E por mais que eu queira acreditar que agora definitivamente achei o sentido pro poema, sei que talvez, aos setenta anos, eu passe a gostar dele de novo por causa de algum moço de olhos verdes e pele morena. O importante é que sempre existe uma razão pra se gostar do Ferreira Gullar.
P.S: Meu telefone acaba de tocar. Do outro lado da linha a amiga, indignada, pergunta: "que diabo de professor de literatura de olhos verdes é esse que eu não lembro?" Hahahaha! Confusãozinha básica: o professor não era o alvo da paixonite, dã! Acho que ficou parecendo isso aí em cima, mas no ensino médio era contra a minha religião ficar com professor. Equívoco esclarecido, amiga, apesar da preguiça de mexer no texto pra deixá-lo mais claro.

sábado, 11 de setembro de 2010

De volta pra casa

Cansada. Acabada. Exausta. Hecha mierda, como diriam los hermanos. Mas tão feliz de estar em casa, no meu calorzinho amado, com meus homenzinhos amados. Depois falo do Rio. Agora eu queria mesmo era poder dormir até não poder mais. Mas... luizes não deixam, o trabalho daqui a pouco não deixa. Só sei que tô feliz de tá em casa. Não queria ter que viajar de novo tão cedo. Qualquer dia desses eu me convenço a ficar bem paradinha aqui assim. Qualquer dia desses.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É hoje o dia...

Ai, minha gente, eu nem ia passar por aqui hoje. Correndo como uma louca pra deixar tudo fechadinho antes de embarcar pro Rio. Mas... acabo de saber que hoje é dia do sexo. Vejam bem: hoje, 06/09, tipo 69, é dia do sexo. Coisinha sugestiva, hein? Será que todo mundo comemora o dia do sexo como comemora o do trabalho, sem exercê-lo? (perguntinha retórica, ninguém precisa responder). Pois eu sou contra o dia do sexo. Porque, veja bem, pra que seja preciso eleger um dia é porque a coisa tá meio por baixo, né não? (isso não é um trocadilho infame). Será que essa data foi inventada por alguém completamente a perigo, na seca do deserto? Sei não. Só sei que o Dia do Orgasmo é 31 de julho, o dia do meu aniversário. Ho ho ho! Pronto, já vou!

domingo, 5 de setembro de 2010

Sem-vergonhice

Não é nada disso que você e sua mente imunda estão pensando, não. O que eu queria dizer é que ando num movimento de assumir até mesmo as coisas que me dão vergonha. Ando me assumindo mulherzinha, ando chorando quando tenho vontade, ando fazendo o que me dá vontade, ando ligando pra quem me dá vontade na hora que a vontade bate, ando falando o que quero na lata. E tem sido engraçado e libertador. Pode ser que amanhã ou depois eu acorde de novo cheia de vergonha na cara e com a culpa de estimação que costumava me acompanhar. Mas por enquanto tô achando tudo isso muito divertido!
E como eu gosto de fechar o domingo com música, lá vai mais uma humilhação pública: eu AMO o Sidney Magal. Prontofalei! E tem coisa mais pretenciosa e absurda que um cara que diz que tem "um mundo de sensações e de vibrações pra te oferecer". Tem que rir, meu povo. Mas eu aposto que o Magal tem mesmo! Boa semana pra todos nós.

sábado, 4 de setembro de 2010

Maravilha a girar

Não, ver Jorge Benjor não é suficiente. Não é suficiente ir ao show vê-lo todo de branco, de óculos escuros e esquecendo a simpatia. Foi preciso antes fazer a base na casa da Jana e Tamar. Foi preciso cantar e dançar de testa pro palco, olhando pra cima até o pescoço doer. Foi preciso soletrar cada letra de música, com os lábios e com o corpo, que não conseguia ficar parado. Foi preciso ter muitos amigos por perto. Foi preciso quase perder a voz. Foi preciso euforia. Foi preciso lembrar de como eu gostava de ouvir Alcohol quando era adolescente. Foi preciso ouvir um roteiro de novela de Manoel Carlos, mas com um toque trash de novela mexicana. (É incrível como tem gente que tem o dom de falar as coisas mais absurdas como se pedisse uma coca-cola ao garçon. Realismo fantástico total.) Foi preciso me perder umas dez vezes, e me reencontrar com pessoas queridas em cada uma delas. Foi preciso constatar que era festa do advogado mas o que mais tinha era jornalista (que bom!). Foi preciso ser uma noite saltimbancos. Salve Jorge.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sempre mais do mesmo

Eu já estaria milionária se ganhasse um real pra cada vez que ouço alguma das frases abaixo:

- Mãããããe!
- Foi ele que começou!
- Ô, professora, deixa eu entregar o trabalho amanhã?
- Minha impressora deu pau.
- O cachorro comeu meu trabalho.
- O pendrive não abre.
- Você tá tensa?
- Tá na TPM?
- Dá pra traduzir esse resumo? É pequenininho. E é pra hoje à tarde.

Mau humor mode on! E olha que hoje é sexta-feira, um dia que eu costumo amar! Imagina só o domingo como vai ser! Se você tiver o azar de encontrar comigo pela rua, mude de calçada, que hoje eu tô mordendo e arrancando pedaço.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E nem é novidade

É sempre possível ser um pouquinho mais idiota do que já se foi. É sempre possível ir além na própria imbecilidade, e depois contemplar da janela a ferida da alma sangrando como uma hemorragia. É sempre possível abrir o alçapão que leva ao sótão para onde os monstros foram empurrados a força. É sempre possível vê-los sair gritando e pulando. É sempre possível se colocar na posição de alvo fácil. É sempre possível fingir que está acima do bem e do mal, e se ver novamente transbordando de dor. Basta querer. E basta não haver distância nenhuma entre o querer e o fazer. Basta a arrogância de se sentir intocável. Basta o otimismo idiota. Basta apagar da memória o que não interessa. Basta pouco, né?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

M³ num país pertinho de você

Minha amiga Grosélia sempre escolhe um cantor/banda pra ser trilha sonora durante o processo de produção de um trabalho. Quando estávamos produzindo o livro M³-Mulher, Mãe, Moderna, ela escolheu Piazzolla para os momentos em que pensava sobre o design do livro, encaixava as ilustrações, definia formato, e paria o design esquizofrênico e lindo do nosso livro. Cada uma em sua casa, eu, Danda e ela passamos noites discutindo o livro pelo gtalk e ouvindo Piazzolla. Durante esse período, nos falávamos o dia inteiro - por telefone e via internet - tentando resolver tudo ao mesmo tempo agora, ao ponto de um dia a Danda me ligar pela milésima vez na mesma manhã e dizer as palavras que eu pensei em falar: "quando essa história desse livro acabar, vou me divorciar de ti, viu?"
Lançamos o livro no início de junho e, pelo menos pra mim, ficou um vazio de não ter mais esse projeto pra me dedicar, de não ter necessidade constante de falar com as duas, de não ver soluções nascerem de uma equipe que trabalhava em perfeita harmonia. Lançado o livro, cada uma voltou a dar atenção às outras áreas das nossas vidas que tinham sido negligenciadas durante o processo. Passamos a nos ver menos e nos falar menos. Normal.
Mas agora temos um outro motivo pra botar o Dream Team em funcionamento de novo: M³-Mulher, Mãe, Moderna será lançado em Buenos Aires, na Fundación Centro de Estudos Brasileiros, no dia 13 de outubro. Sim, lançaremos nosso filhote lá na terra de Piazzolla, aquele que embalou a feitura do nosso bebê. Se eu tô feliz??? Tô dando pulos de alegria, daquele jeito eufórico que eu tenho quando consigo uma coisa que eu nem imaginava.
Pra não correr o risco de algo dar errado, Grosélia e eu já compramos as passagens hoje à tarde. E pra Danda, tem uma reserva que vale até amanhã. Bora, mulé! Quando a gente chegar tu se divorcia da gente de novo. Bora chutar o pau da barraca, que é por uma ótima causa!