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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

prrrrrrrrrrrrrr....

Eu odeio aquele ditado infame de que ser mãe é padecer no paraíso. Eu discordo. Eu acho que amar, qualquer tipo de amor que seja, requer sempre um envolvimento tão intenso e descabido que às vezes chega, sim, a doer. Mas que só vale mesmo se for assim.
Eu rejeito qualquer tipo de vitimização materna, como rejeito qualquer tipo de vitimização a qualquer amor. Amar é uma decisão, por mais frio que isso possa parecer. Existe, sim, o clique, a sorte, o cheiro, a vontade que não se explica, mas existe a decisão sempre, em qualquer tipo de amor, inclusive no materno. (Pronto, podem jogar pedras na mãe desnaturada que está assumindo que não ama aos próprios filhos incondicionalmente!) Em minha defesa, eu poderia dizer que amo meus luizes incondicionalmente, porque decidi assim, porque sempre fui mãe mesmo antes de ser, porque eles me enchem os olhos de lágrimas (de felicidade, de espanto, de surpresa, de tristeza - porque é disso tudo e mais que o amor é feito), mas que como todos os outros amores do mundo, meu amor por eles foi -e é ainda e segue sendo, porque é sempre obra em construção - decisão.
Por isso, bem por isso mesmo, rejeito essa ideia de padecer no paraíso, essa capa de culpa e dor que algumas mães gostam de vestir pra se sentirem honradas. 
Mas hoje, só hoje, eu queria dizer que eu tô muito cansada de ser mãe. (Falem baixo, alguém da patrulha das mães abnegadas pode nos ouvir e me marcar com o carimbo da péssima mãe - horror! horror!). Hoje eu não tô cansada de ser mãe-torista, nem de inventar mil maneiras de distrair três filhos em férias enquanto estudo, nem de preparar o que cada um quer pro jantar, nem de adular um fiapinho de gente pra comer. Tudo isso cansa, claro, mas se resolve facilmente. 
Eu ando cansada mesmo é de não ter as respostas e de nem sempre saber a quem recorrer. É de ter que seccionar as crianças em departamentos para que os especialistas possam me ensinar como agir. Eu ando farta dessa minha bússola quebrada que nunca aponta o norte. E hoje, só hoje, eu vou sentir inveja da minha avó e vou repetir aquela ideia infame de que já foi mais fácil criar filhos. Amanhã, tudo normal de novo.