Esses dias ando chorona: saudade de casa, cansaço dos horários apertados, saudades do calor, abuso de tanto frio, vontade de correr de short e camiseta, agonia de tanta roupa e de tanta coisa pesando em cima de mim, cansaço de tanta japonice, de tanta rigidez, saudade do meu Brasil do improviso.
Sim, eu continuo chorando, e cada dia mais. Porque meu coração aperta quando bate e quando volta, dormindo ou acordada. Porque nenhum ângulo de nada me parece correto, e não importa que eu esteja de óculos ou não, tudo o que olho me parece vazio e incompleto.
Segundo os termômetros a temperatura em Osaka subiu. Mas na minha pele eu sinto mais frio que nunca. No tempo cronológico, estou bem perto da hora de ir embora. No tempo da minha alma, o tempo podia nunca ter saído do dia em que ele começou a ser contado. Nem passado, nem futuro. Quero mesmo é tempo parado.
Uma planta, um chocolate, uma música. Qualquer coisa ameaça minha frágil estabilidade.
Panquecas sem gosto, conversas sem sabor, água muito quente, excesso de cobertor, calor a noite. Dor de cabeça ao acordar. E quando abro a janela de manhã? Frio pra me saudar! Bom dia, estúpida, dormiu bem?
Continuo sem saber pegar o metrô direito. Continuo me perdendo e pretendo continuar. E quer saber: perdida, chorando, com frio, ainda vou dar meu jeito, meu bom e improvisado jeitinho brasileiro.