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domingo, 23 de janeiro de 2011

Lar doce lar

É só uma porta, dessas assim de madeira, ordinária como qualquer porta. Mas tem duas carrancas  paraenses - pra espantar tudo o que não presta - bem do ladinho dessa porta ordinária. E tem um boizinho, um bumba-meu-boi, que foi me dado junto com um monte de carinho. As carrancas espantam o mal, o boizinho celebra a alegria. E a portinha ordinária se abre pra uma outra dimensão - de amor, de acolhida, de lar. Aqui dentro tem uns caquinhos de coisas reunidas ao longo da vida. Em cada cantinho um pouquinho de amor, um tanto de carinho, e um bocado de boas lembranças, espalhadas entre o sofá e a janela, na mesa de centro, pelo meio das panelas. Aqui, nesse castelo, moram os sonhos de viagens pelo mundo do adolescente, os sonhos de campeonatos de futebol do menino de cabelo de anjinho, os sonhos de manobras de bicicleta do menino de voz rouca e coragem de guerreiro. Moram também aqui, entre essas paredes brancas, os sonhos da mãe dos meninos - o desejo de que tudo o que eles sonham se concretize, e de que ela possa sempre guiá-los. Moram também, no meio de tantos outros sonhos, uns desejos que são dela, e que se esgueiram entre os deles, e que buscam espaço e tentam respirar entre tantas aspirações dos pequenos. É que aqui dentro mora uma mulher que também tem lá seus sonhos.
Aqui na casa de número 2 tem bola, bicicleta, jogos. Tem livros a serem lidos e livros que merecem ser sempre relidos. Tem Chico Buarque que toca insistente. Tem a cadeira de embalar sono de bebê. Tem sambinha no domingo de manhã. Tem Cazuza e Barão sempre, sempre bem alto. Tem a nostalgia de Piaf pra hora em que é quase frio. Tem vinho tinto, tem amigas gargalhando na varanda.  Tem São Jorge, São Francisco e Santa Clara. Tem Piazzola. Tem mosquito, bicho de luz e insetos sortidos. Tem campainha que toca e abrir de porta que traz beijo na boca e cafuné no sofá. Tem shizas e tem olhos turcos. Tem amigos reunidos no quintal. Tem irmã e primas cozinhando e atualizando a vida. Tem Santa Luzia, tem Santo Antonio. Tem piada interna, tem papo colocado em dia, tem lanche improvisado com ovo de codorna, patê e torrada. Tem pizza entregue quase de madrugada. Tem churrasqueira dada pela Teté. Tem um carneiro vivo aguardando mais uma inauguração. Tem tapete, vidraças e pontos cegos. Tem um quintal pra comemorar. Tem as garrafas d'água vazias de tanto saciar a sede dos meninos que jogam futebol no campinho em frente. Tem uma construção que não acaba jamais. Tem duas janelas que nunca chegaram. Tem um jardim pra ser terminado. Tem escolhas a serem feitas: flamboyant, ipê, jaboticaba? Tem uma vontade tão grande de nunca mais precisar sair. E tem um mundo grande lá fora que nos chama.
Como disse uma amiga, tem três príncipes, uma princesa e nenhum dragão (que esses eu despachei ladeira abaixo, no caminho pro castelo). E tá aberta pros amigos queridos - basta trazer boas energias, o peito aberto e a disposiçao pro sorriso que serão muito, muito bem-vindos!

6 comentários:

João Olicar disse...

passando pra dar um alô e dizer que mesmo que não esteja comentando com tanta frequencia sempre to por aqui acompanhando seu blog...
abraçoss

Anônimo disse...

Esse lar, merece uns tamburetes da Mary, vmos se esforçar pra acontecer, rs rs, sem forçar amizade, pode crê amizade, pode crê, viajei na Helmas(kkkk)

Penélope Charmosa disse...

Oi, João. Que bom que você continua passando por aqui.Você é sempre bem-vindo, viu?

Penélope Charmosa disse...

EU QUERO TAMBORETES DA MARY CÉLIA PRA MINHA CASINHA NOVA!!!

Cynthia Osório disse...

"não há lugar como nosso lar"

Gostei de conhecer a douçura do seu!

bjos, professoara!

Penélope Charmosa disse...

Obg pela visita, Cynthia. Bjs.