Ô Xico Sá, num tem só essas duas opções, não!
Disponivel em: http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/
O que você prefere: homem frouxo ou canalha?
Sexta é dia de uma disciplina clássica aqui no blog: a cadeira "machos comparados".
No episódio de hoje, meu rapaz, minha rapariga, a peleja do homem frouxo X o homem canalha.
***
“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”
Encontro minha amiga A., no nosso botequim predileto, e a desalmada vai logo anunciando, com a ironia fina que a acompanha na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença.
Sempre tem boas histórias e uma mania louca de escolher uma música, normalmente no embornal do Chico, para trilha das sagas românticas e congas tantos que já levou como pé-na-bunda.
Como o xará Francisco tem um vasto elenco de personagens femininos e incorpora as dores e delícias das moças, ela escolhe no capricho, no ponto.
Moleza, garoto, vamos nessa.
“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”, ela repete e repete, enche o saco com o “Samba do grande amor”.
Essa música nem é protagonizada por uma fêmea, e sim por um homem desiludido, um cabra cujo destino parafusou-lhe na testa belos chifres à moda dos vikings.
Mas ela insiste e canta assim mesmo. Pior: canta e ri, uma loucura. Que diabo de sofrimento é esse com essas gargalhadas todas?
A moça é assim mesmo. Não tem jeito. E olhe que nem pediu caipiroscas de frutas vermelhas nesse dia, ficou apenas no chope, coisa fina e civilizada, pense no aprumo!
“Morrer dessa vez é que não vou”, tira onda. “Ih, estou escaldada, amigo”.
O que A. me contou uma das coisas banais que mais escuto das minhas amigas nos últimos tempos.
E olhe que sou conselheiro, ombudsman das moças, cupido e ouvidor-geral de muitas crias das nossas costelas.
A amiga deparou-se com mais um desses homens que prometem, ensaiam, jogam um charme, cultivam, cantam de galo... comparecem e..., sem dizer nada, tomam o clássico chá de sumiço, saem para comprar o king size, sem filtro, do abandono.
“Por essas e por outras é que agora prefiro um bom canalha a um homem frouxo”, prega a amiga, conquistando rapidinho o apoio da távola redonda das gazelas ao lado.
“Um canalha pelo menos me pega com gosto, como se fosse mesmo a última noite”.
Defende a tese e emenda, riso desavergonhado: “Passava um verão a água e pão, dava o meu quinhão pro grande amor, mentira!”
É, rapazes, é tempo de homem frouxo, que corre mesmo diante da possibilidade de uma história mais densa e afetiva.
Não sabem o que estão perdendo.
A começar pela minha amiga cantante, belo exemplar da raça, no auge dos seus 3 ponto 6, boa conversa, boa lábia, gostosa, bocão-Jolie e um humor capaz de tornar o mais nublado dos dias na mais promissora e comovente folhinha do calendário.
Escrito por Xico Sá às 11h54
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