Preciso preparar dois trabalhos da especialização que não gosto e faço porque sou obrigada. Preciso dar atenção, carinho, e amor incondicional a três crianças. Preciso dar atenção, carinho, amor nem tão incondicional e outras cositas mais a um marmanjo barbado que adotei como marido (e que eu amo cada dia mais). Preciso preparar dois pré-projetos de mestrado, (sim são dois!, porque desmantelo pouco é bobagem e se fosse só um não seria eu, não é mesmo?) Preciso organizar meus papéis: contas pagas estão misturadas com contas não pagas e cardápios de delivery, numa completa promiscuidade burocrática. Preciso corrigir uma montanha de provas. Preciso preparar umas duas semanas de aula. Preciso dormir durante oito horas seguidas pelo menos uma noite da minha vida. Preciso descobrir onde se compra paciência injetável. Preciso estar linda, leve e solta amanhã no casamento da minha amiga de infância. Falando no casamento, preciso comprar brincos, anéis e pulseiras pra ocasião. Preciso sentar com o webdesigner pra botar a revista eletrônica pra frente. Preciso estudar. Muito. Preciso parar de fumar. Preciso começar a correr, menos no sentido figurado e mais no sentido literal mesmo. Preciso aprender a dizer não: “Não posso assumir essa responsabilidade. Não posso fazer isso. Não posso te ajudar hoje, nem amanhã, nem nunca. Não posso cumprir um prazo tão pequeno. Não posso parar de respirar.”
E as pessoas costumam me perguntar como faço tanto coisa ao mesmo tempo. Não sei. Ao longo dos anos desenvolvi uma técnica, mas acho que ela não é 100% confiável. Se servir pra você, bem. Se não, paciência. Às vezes não serve nem pra mim. A técnica na verdade não foi sequer inventada por mim. Qualquer alpinista sabe que só deve olhar para o palmo à sua frente, e não pensar nos milhões de metros que ainda tem que subir. Pois essa é a “minha” técnica. Pensar só na próxima tarefa e esquecer a seguinte. Só quando termino a tarefa 2, passo a pensar na 3. O único problema do meu método é que preciso saber numerar as tarefas por ordem de importância. E essa técnica ainda não inventaram. Ou pelo menos não me ensinaram. O alpinista só tem que subir, e pronto. Eu tenho que subir, assobiar, chupar cana, tocar trombone e recitar a “Canção de Tamoio”, enquanto coço o pé e lambo o cotovelo. Alguém tem uma técnica pra me ensinar?
E as pessoas costumam me perguntar como faço tanto coisa ao mesmo tempo. Não sei. Ao longo dos anos desenvolvi uma técnica, mas acho que ela não é 100% confiável. Se servir pra você, bem. Se não, paciência. Às vezes não serve nem pra mim. A técnica na verdade não foi sequer inventada por mim. Qualquer alpinista sabe que só deve olhar para o palmo à sua frente, e não pensar nos milhões de metros que ainda tem que subir. Pois essa é a “minha” técnica. Pensar só na próxima tarefa e esquecer a seguinte. Só quando termino a tarefa 2, passo a pensar na 3. O único problema do meu método é que preciso saber numerar as tarefas por ordem de importância. E essa técnica ainda não inventaram. Ou pelo menos não me ensinaram. O alpinista só tem que subir, e pronto. Eu tenho que subir, assobiar, chupar cana, tocar trombone e recitar a “Canção de Tamoio”, enquanto coço o pé e lambo o cotovelo. Alguém tem uma técnica pra me ensinar?
2 comentários:
Amiga, nem preciso de dizer o quanto você acertou em escrever esse desabafo, digo post. Estou me sentindo deste jeito de uns dias p cá. E o pior, parece que as coisas estão ficando cada vez mais complicadas. E ainda temos que ouvir muitas cobranças e poucos elogios e muito obrigados. Estou há mais de um mês (quase dois) sem mexer no meu blog, exatamente pela falta de tempo, isto é, pela organização do meu tempo. O engraçado é que meu primeiro post falava disso. Hoje, quando abri o blog, estava com o sentimento igual ao seu e pensei: vou escrever sobre as minhas mil tarefas... O mesmo que vc escreveu. Peeguntam se somos irmãs. Ao ler seu post e perceber que não é a primeira vez que me identifico por completo com seu modo de ser e de agir, chego a pensar que somos irmãs mesmo. E gêmeas!!!! Em algum nível de existência nós temos a mesma origem. Mas como fazemos para mudarmos nosso jeito de ser e de agir?
primíssima,
acho que consigo entender você per-fei-ta-men-te. afinal, somos tão parecidas que não seria aí que correríamos, no sentido figurado, uma pra cada lado.
cheguei de teresina, me joguei numa cama e me pus a pensar nos meus próximos dias. não, eu não consigo adotar tua técnica de pensar em uma de cada vez e só então partir pro próximo passo. eu penso em todas ao mesmo tempo. a minha técnica é "visualizar" o tamanho do problema. pois bem, pego um papel e uma caneta, jogo neles tudinho o que preciso fazer, alcanço um calendário e estabeleço meus prazos. na maioria das vezes funciona. o problema é arrumar tempo pra traçar a estratégia.
não tenho três filhos nem dois pré-projetos de mestrado pra desenvolver. mas tenho dois empregos, um cursinho pra concursos, um cursinho pra jornalistas e um curso de inglês pra administrar. além disso, resolvi que jogo squash e adoro as raquetadas e faço caminhadas e spinning, não necessariamente na mesma ordem. resolvi também que quero fazer mestrado mais pra frente e já estou de olho nos livros pra enfrentar a prova de seleção. e como nada comigo é fácil, vou me bandear pro rumo da LETRAS, onde nunca vi nada e estou começando do zero.
é prima, realmente a gente sabia que não seria fácil. mas não sera justamente por isso que a gente gosta de ser assim???
se cuida. beijão!!
ps. amei estar com você nesses poucos dias.
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