Ela sempre soube que havia algo a ser descoberto. Mesmo que não conseguisse colocar em palavras, nomear cada sentimento e reconhecê-lo como tal, ela sabia que cedo ou tarde teria que abrir a porta e deixar o que quer que estivesse lá fora entrar. Sua mão pequena, de dedos finos, quase não conseguiu puxar a maçaneta gelada da porta que tinha o exato peso de sua alma mais 21 gramas. A porta bateu com forca em sua canela (bem no ossinho gostoso), trazendo dor e alívio - o alívio de que afinal ela agora doía: aquela perna que estava há tempos dormente parecia enfim ter vida. Uma enxurrada entrou casa a dentro: lixo, lama, pedaços de móveis e vida, a medida do Bonfim, o Neruda, lágrimas, fotos e sorrisos distantes. E a lama se fez água, que limpou casa adentro, alma adentro. Corpo dolorido, perna machucada, alma limpa e lavada. Sorriso de propaganda de sabão Omo.
Um comentário:
Menina...Tu arrasou!!!!!!!!!! Beijos!
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