Eu tenho péssimo sono. Demoro a pegar no sono e, quando consigo, tenho sonhos perturbadores e intensos. Sou também péssima companhia pra dormir: me mexo a noite toda, puxo o lençol, dobro as pernas pra cima (eu durmo de bruços), falo e canto, converso ao telefone (mesmo que depois não lembre nadinha). Isso tudo acontece numa noite "normal". Nas noites de pesadelo, acordo invariavelmente chorando. Houve uma época também que eu rangia os dentes durante o sono.
Talvez por nunca me entender com Morpheu é que eu admiro e curto tanto o sono tranquilo dos meus pequenos. Tenho mesmo que usar um clichê aqui: os três dormem como anjos. Pedro (que já nem é tão pequeno) sempre pegou no sono tão rápido, mas tão rápido, que cheguei a levá-lo a um neurologista porque eu achava absurdo que ele não conseguisse terminar uma frase sem cair dormindo, na hora em que o sono vinha. Zé é um pouco mais agoniado pra dormir, é a "porca que fuça": se mete embaixo do meu braço, procura espaço nas brechas, quer se sentir aninhado, me deixa toda roxa de cotoveladas. Mas depois que pega no sono não tem o que lhe acorde. Tonton detesta chamego na hora de dormir. "Mãe, sai da minha cama. Tu é quente!" Vira pro lado e dorme tranquilo seu sono de pequeno guerreiro.
A imagem dos três dormindo é das coisas mais lindas que há no mundo. Não tem aurora boreal ou neve caindo em Kyoto que ultrapasse a visão daquelas carinhas dormindo tranquilas. E de vez em quando me pego de olhos marejados, pensando que qualquer dia desses não vou mais vê-los dormindo pertinho de mim assim.