Noite após noite, o ritual se repetia, embora
ele sempre alegasse que nunca pedia nada. Até que, em uma noite particularmente
fria, ele lançou mais uma vez o olhar doce sobre ela. Já meio cansada da
brincadeira e com a preguiça que mora embaixo das cobertas colada à sua pele,
ela já ensaiava dizer não. Mas dessa vez não era uma estrela o que ele queria. Apesar
do aspecto etéreo, ele padecia da mais mundanda das necessidades: tinha sede,
uma sede daquelas que parecem não cessar nem com toda a água do Amazonas
descendo goela abaixo.
- Um copo d’água? É só isso que você quer?
- Uma jarra seria melhor.
- Mas nesse frio... Não saio mais debaixo desse
cobertor, não!
Ele insistiu. Ela negou. Ele pediu mais uma vez. Ela fingiu que não ouvia. Ela virou pro lado e dormiu, abraçada com sua preguiça. Ele virou fera e sumiu, abraçado com sua carência.
Ele insistiu. Ela negou. Ele pediu mais uma vez. Ela fingiu que não ouvia. Ela virou pro lado e dormiu, abraçada com sua preguiça. Ele virou fera e sumiu, abraçado com sua carência.
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