Zé Luiz fazia a tarefa enquanto eu terminava um texto pro jornal no notebook.
- Mãe, me ajuda aqui a fazer essas letras...
- Peraí um minuto que minha bateria tá acabando.
- Tua batelia? Ah! Já sei! Batelia de gente é a energia!
Chego na escola para pegar os meninos e Pedro está ensaiando a quadrilha. Como Zé Luiz já tava todo animado pra dançar, decido entrar no ensaio como seu par. Pedro me fuzila com os olhos, afinal existe mico maior que a mãe dançando quadrilha com o irmão menor no meio dos amigos dele?
No carro, voltando pra casa:
- Mãe, pelamordedeus, nunca mais inventa de dançar na minha quadrilha!
- Mas, filho, eu adooooooro quadrilha e teus amigos gostaram da nossa participação.
- Mas é muito mico a mãe dançando quadrilha!
- Beleza. Então esquece o Piauí Pop que tu ia comigo, ok?
- Mas como assim? Tu prometeu!
- Mas é muito mico levar o filho pro Piauí Pop, no meio dos meus amigos.
- Veja bem. Dançar na quadrilha do filho é coisa de mãe sem noção, mas levar o filho pro Piauí Pop é coisa de mãe jovem, entendeu?
Antonio ensaia um choro de manhã, antes de eu sair pro trabalho. “Xai não, mamãe. Xai não!” Macaca velha que sou, mantenho a voz firme e digo que tenho que ir, mas que logo vou voltar. Ele aperta os olhos numa careta e começa a emitir um som que, acredito, ele supôs ser de choro: “ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô”. Tive uma crise de riso, e ele também ao se ver descoberto em sua péssima atuação.
Espelho, espelho meu, existe mãe mais feliz que eu???
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