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domingo, 31 de outubro de 2010

Ask me

Fazia tempo que eu não fechava o domingão com música. Hoje deixo aqui uma das melhores músicas dos Smiths e que vem tocando no meu carro há umas duas semanas. E ainda vai de lambuja a dancinha mega sexy do Morrisey.(Aviso aos meninos que andam por aqui: a dancinha é sexy apenas quando executada pelo Morrisey. Por favor, não tentem fazer isso em casa!)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Apud do apud do apud

[Half of what I say is meaningless but I say it so that the other half may reach you]

Khalil Gibran, usado por Lennon in Julia, citado por Biá Boakari no Twitter, tocando sinos aqui dentro

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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Tem gente que é ponto de luz – ilumina e irradia calor, na escuridão ou não. Tem gente que é ponto de interrogação. Tem gente que é ponto simples, tem gente que é ponto cruz. Tem gente que sempre pontua. Tem gente que é pontual. Tem gente que desaponta. Tem gente que desponta. Tem gente que aponta e gente que apronta. Tem gente que é dois pontos, que se abrem em surpresas. Tem gente que é ponto de exclamação. Tem gente que é ponto G. Tem gente que pontua o alfabeto. Tem gente que é ponto fora da curva. Tem gente que é ponto de sutura. Tem gente que é o exato ponto entre a sanidade e a loucura. Tem gente que é ponto de equilíbrio. Tem gente que é sempre três pontos. Tem gente que é ponto de fuga. Tem gente que é ponto de encontro. Tem gente que é só mais um ponto. Tem gente que passa do ponto. Tem gente que só serve ao ponto. Porque toda a gente, no final das contas, é ponto, ponto, ponto. E eu? Eu adoro gente. E ponto.

Chuva na Chapada do Corisco

quando chove assim
todo dia fica com cara de antigamente
e cada gota é um prisma
enchendo de cor a alma da gente

é o céu chorando,
desaguando, limpando
e agente aqui embaixo
querendo se desaguar também

quando chove assim
as lembranças
lavam a gente por dentro,
de dentro pra fora:
tripas, víceras, coração


(Tentei, Anucha)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Enquanto isso na sala de justiça...

Nem doida nem santa. Nem de esquerda nem de direita. Nem nunca jamais em cima do muro. Frágil, não. Isso eu não sou. Escalo degraus sem nem sentir. Caio, me arrebento, levanto e assumo que dói pra caralho. E ainda consigo fazer graça de mim. Longe, muito longe da ilusão de ser sempre a mesma, completa e perfeitinha. Tô dispensando a coerência. E passei da fase de apenas me aceitar assim - na verdade hoje amo minhas incoerências e transitoriedades. Cansei de fingir força e é bem por isso que me sinto incrivelmente invencível. Troquei a fantasia de Mulher Maravilha pela pele da Mulher Elástica. E tem me servido bem.

domingo, 17 de outubro de 2010

Coragem

Eu já falei antes que minha irmã é um anjo na terra. Em um domingo difícil, de um humor esquisito, paciência zero e pequenas frustrações acumuladas, recebo um e-mail que trazia, além de suas palavras, as de Guimarães Rosa traduzindo a gangorra da vida, e lembrando que coragem é o que nunca pode faltar. Aqui não falta não, mana. Coragem temos todos aos montes. E pode vir quente que eu estou fervendo, vida.


"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"

(Guimarães Rosa)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Porque uma imagem vale mais...

É assim que se brinda à felicidade.
É assim que se brinda à melhor companhia do mundo pra viajar.
É assim que se brinda ao lançamento internacional.
É assim que se brinda ao reencontro depois de quase dez anos.
É assim que se brinda às conversas de amigos antigos, o retorno ao que foi vivido juntos.
É assim que se brinda à acolhida digna de hotel cinco estrelas, mas com afeto de família.
É assim que eu quero sempre brindar.

De volta, mas rapidinho

Viajar é bom demais. Voltar pra casa é melhor ainda. Ter que se empacotar toda pra me mudar é assustador. Nem sei quando posso voltar aqui de novo, mas vou tentar. Muito, muito, muito a contar sobre Buenos Aires, sobre o lançamento do livro, sobre as viagens internas. Mas não hoje.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Boca da Noite

na calada          em silêncio
grandes               lábios
 se abrem         em sim
 
Alice Ruiz

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bate papo literário

Sabe que mãe adoooora falar sobre seus filhotinhos, né? Pois hoje à noite Elizângela Carvalho, Josélia Neves e essa blogueira que vos fala estaremos conversando sobre nosso filhote, o livro M³ - Mulher, Mãe, Moderna. Vai ser a partir das 19:30h, na Praça de Eventos do Teresina Shooping. Vai lá, gente! Vamo bater papo, vamo?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Time completo

Pois num é que quando a gente nem pensava mais que o dream team fosse viajar completo pra Buenos Aires, o imprevisto aconteceu e a Danda vai também? Eu disse - ninguém sabe o que o calado quer! Então vai ser assim: lançamento portenho do livro M³ - Mulher, Mãe, Moderna na Fundación Centro de Estudos Brasileiros, comigo, Danda e Grosélia. Coisa boa é surpresa boa! E manda as ruins pra puta que pariu!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

diz aí

Eu só queria dizer que às vezes eu fico sem palavras. E que esse emudecer é uma das coisas mais lindas que podem me acontecer. É só que eu - verborrágica antes mesmo de aprender a falar - fico assim perplexa de não conseguir me articular. E adoro essa falta do verbo, esse embaraço raro, esse não saber onde pôr as mãos (no bolso? no cigarro? na bolsa? cadê meu celular?). Sou eu mesma? E que bom se não for, né não? E melhor ainda se for mais ainda de mim nascendo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Apurando

Pra me despedir do apartamento: amigos, violão, tacos, cantoria. Pra não dormir, boa companhia. Pra acordar, bom dia. Pra espantar o cansaço de um noite pouco dormida, sorriso de orelha a orelha. Pra almoçar, macarronada improvisada. Pra votar, papito. Pra boca de urna, picorruchos. Pro calor da sessão eleitoral, encontro. Pra estressar, apuração pela internet. Pra não conseguir acompanhar os resultados, Divulga 2010. Pra domar a tensão, escrita. Pra não roer as unhas, dedos ocupados no teclado.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ela disse e eu queria ter dito

Na verdade a única coisa que estou sempre esperando e querendo é ir embora. De todos os lugares, de todas as pessoas. Eu não estou esperando nada a não ser o tempo todo sair de onde eu estou. 

Foi a Tati Bernardi que disse, mas bem que poderia ter sido eu.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desidratando

Pois pronto, agora vou confessar: sou uma chorona convicta. Ou melhor, tornei-me uma adepta das lágrimas: pra desaguar a tristeza, pra comemorar a felicidade, pra celebrar a beleza. De uns tempos pra cá venho chorando por tudo. Mas acho que hoje bati meu próprio recorde. Passei o dia pensando na colação de grau dos meus alunos que aconteceria à noite. Por dois motivos essa colação vinha mexendo comigo: por ter sido uma das professoras escolhidas para serem homenageadas pela turma (isso SEMPRE me emociona), e também por causa de uma menina que eu adoro, minha orientanda linda, que vem passando por uns percalços sem baixar a cabeça, de um jeito que eu nem sei se eu saberia ensiná-la, mas que ela jura que aprendeu comigo.
À tarde eu estava fazendo as unhas no salão e uma dessas criaturas ultra-comunicativas que habitam esse tipo de ambiente começou a conversar comigo e a perguntar aonde eu iria à noite. Eu tentei três vezes dizer que ia a uma colação, mas toda vez minha voz embargava no meio da frase. Eu sei, eu não sou normal. E nem é TPM.
Á noite fui pra tal da colação. Ainda bem que não sei me maquiar mesmo porque senão teria estragado todo o trabalho: chorei baldes e baldes durante o discurso da minha orientanda. Fui embora leve e feliz. A caminho de casa, começa a tocar "Wonderwall" do Oasis, e eu cantei e chorei, achando tão linda essa música que eu escolhi pra ser minha anos atrás, embalada por sentimentos que nem sequer existem mais. Outra música começa a tocar e meu celular dispara a tocar também. Um amigo me liga contando que tinha acabado de ler um livro que eu tinha comentado, e que, sim, eu deveria ter escrito tudo aquilo. Tá bom, é sempre possível exercitar os dutos lacrimais mais um pouco. "O que aconteceu?  Por que diabo tu tá chorando, criatura?" Nada aconteceu, querido. É só que quando a beleza invade minha vida assim eu fico assustada.
Isso devia ser o suficiente pra um dia, né? Mas quando eu chego em casa, encontro um e-mail da amiga dominicana que não vejo há quase uma década e com quem sonhei essa semana. "Puta que pariu, essa saudade eu tinha guardado em alguma gaveta! Não basta as que eu sinto diariamente?" E haja lágrimas pra ler seu longo e significativo e-mail, pra lembrar nossas conversas no banquinho da OIC, pra visualizar direitinho seus gestos estúpidos quando reclamava da minha dureza. Ah, se ela soubesse o quanto amoleci de dez anos, dez meses pra cá... Amadurecer deve ser isso, né?