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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Desidratando

Pois pronto, agora vou confessar: sou uma chorona convicta. Ou melhor, tornei-me uma adepta das lágrimas: pra desaguar a tristeza, pra comemorar a felicidade, pra celebrar a beleza. De uns tempos pra cá venho chorando por tudo. Mas acho que hoje bati meu próprio recorde. Passei o dia pensando na colação de grau dos meus alunos que aconteceria à noite. Por dois motivos essa colação vinha mexendo comigo: por ter sido uma das professoras escolhidas para serem homenageadas pela turma (isso SEMPRE me emociona), e também por causa de uma menina que eu adoro, minha orientanda linda, que vem passando por uns percalços sem baixar a cabeça, de um jeito que eu nem sei se eu saberia ensiná-la, mas que ela jura que aprendeu comigo.
À tarde eu estava fazendo as unhas no salão e uma dessas criaturas ultra-comunicativas que habitam esse tipo de ambiente começou a conversar comigo e a perguntar aonde eu iria à noite. Eu tentei três vezes dizer que ia a uma colação, mas toda vez minha voz embargava no meio da frase. Eu sei, eu não sou normal. E nem é TPM.
Á noite fui pra tal da colação. Ainda bem que não sei me maquiar mesmo porque senão teria estragado todo o trabalho: chorei baldes e baldes durante o discurso da minha orientanda. Fui embora leve e feliz. A caminho de casa, começa a tocar "Wonderwall" do Oasis, e eu cantei e chorei, achando tão linda essa música que eu escolhi pra ser minha anos atrás, embalada por sentimentos que nem sequer existem mais. Outra música começa a tocar e meu celular dispara a tocar também. Um amigo me liga contando que tinha acabado de ler um livro que eu tinha comentado, e que, sim, eu deveria ter escrito tudo aquilo. Tá bom, é sempre possível exercitar os dutos lacrimais mais um pouco. "O que aconteceu?  Por que diabo tu tá chorando, criatura?" Nada aconteceu, querido. É só que quando a beleza invade minha vida assim eu fico assustada.
Isso devia ser o suficiente pra um dia, né? Mas quando eu chego em casa, encontro um e-mail da amiga dominicana que não vejo há quase uma década e com quem sonhei essa semana. "Puta que pariu, essa saudade eu tinha guardado em alguma gaveta! Não basta as que eu sinto diariamente?" E haja lágrimas pra ler seu longo e significativo e-mail, pra lembrar nossas conversas no banquinho da OIC, pra visualizar direitinho seus gestos estúpidos quando reclamava da minha dureza. Ah, se ela soubesse o quanto amoleci de dez anos, dez meses pra cá... Amadurecer deve ser isso, né?

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