Esse foi mais um dos incontáveis domingos em que almocei na casa dos meus pais. Mais uma vez cheguei à casa onde cresci e os encontrei sentados na mesa do terraço, cercados de jornais e revistas, esperando a chegada dos netos. Mas hoje, ao entrar, fui interpelada pela minha mãe sobre uma questão da família que eles estão vendo como resolver. O tom com que ela perguntou e a maneira como ambos me olhavam deixou claro que, se não tinham feito uma aposta em relação à minha resposta, ao menos tinham discordado entre eles sobre qual seria. Na lata, respondi o que já havia dito antes: "sim, eu acho que a decisão mais acertada é essa". Ao que imediatamente se seguiu a típica coçada de orelha do papai e o olhar triunfante da minha mãe: "Eu disse - a Clarissa é prática!"
Como domingo é dia de pensar besteira, me peguei sentada naquela mesa pensando quão prática sou de fato. Sei que tomo decisões de forma rápida, que sei desmembrar problemas pra resolvê-los aos poucos, que invento estratégias pra driblar empecilhos. Mas ser prática me parece bem mais que isso. E eu não acho no mundo o que justifique determinadas atitudes que tomo e que só complicam ainda mais minha vida. A verdade é que habito as zonas cinzas da vida, embora sempre tenha sonhado com o mundo em preto e branco.
4 comentários:
Não precisa ser tudo preto ou branco, racionalismo demais é muito chato.
Eu concordo, Larissa. Às vezes é preciso não pensar. Mas é difícil. rs
Clarissa
Queria ser assim, prático, objetivo... Mas não, sou muito indeciso e abstrato... Decisões cruciais exigem de mim tempo, muito tempo até tomar uma decisão, ainda assim embasada em muita insegurança. Não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Mas de fato, tenho a me achar mais na definição da Larissa, não sou muito preto no branco não... Enfim, legal seu texto! :-)
Obrigada pela visita, George. Talvez pessoas como você e Larissa se saiam melhor nessa vida que de preto e branco não tem nada.
Abs,
Clarissa
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