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domingo, 29 de junho de 2008

Reflexões balzaquianas

No próximo mês vou fazer 31 anos. Mas duro mesmo foi fazer 30. Eu sempre achei que aos 30 eu seria uma mulher madura, bem resolvida e fodona. Falhei em pelo menos dois dos itens. Nunca fantasiei sobre onde moraria, mas imaginava uma casa com quintal, cheia de crianças e bichos e, principalmente, muitas fotos e souvenires de lugares maravilhosos que eu teria conhecido. Os souvenires e as fotos existem, mas não tantos nem de tantos lugares e aventuras quanto eu gostaria. As crianças... essas são ainda melhores do que eu poderia sonhar, mas às vezes eu não sou tão zen como imaginava que seria pra lidar com uma tropa movida a testosterona.
Aos 30 - e sei que pareço riponga - eu teria uma horta no quintal. Não que eu goste de cuidar de plantas, mas meu marido gostaria, como de fato aconteceu de ele gostar. Mas eu não tenho quintal, nem horta, e as pouquíssimas plantas que temos acabam morrendo por falta de água e excesso de sol.
Aos 30 eu tinha certeza que estaria bombando na minha profissão, seja lá qual fosse. Eu imaginava que estaria naquela fase em que escolheria onde, como e com quem trabalhar. Sem mencionar o tão importante “quanto ganhar”. E eu já saberia lidar com o estresse e não traria problemas pra casa. E teria desprendimento suficiente pra mandar à merda um trabalho que me irritasse.
Eu seria mais tolerante, com os outros e comigo, e já teria aprendido a não gravar qualquer micro insulto como prova a ser usada em tribunal. Eu guardaria e valorizaria só as coisas boas que me fossem dadas e deixaria as outras pra lá, assim sem mais.
Meu humor só oscilaria entre ótimo e maravilhoso, e eu teria diariamente provas incontestes de que Deus existe. Mas quase aos 30 ainda me pego pensando onde é mesmo que Ele está que não me escuta.
Aos 30 eu estaria onde eu deveria estar quando crescesse, porque eu já teria crescido. Será verdade então que a vida começa aos 40?

Um comentário:

Eulália Vasconcelos disse...

É amiga, pensava a mesma coisa. Estou com quase 34 e também não conquistei essa maturidade e essa establidade que quando somos adolescentes achamos que ela vem aos 30 (às vezes até menos!). Acho que temos muito amor pela vida e uma cabeça de 20 anos. Além disso, não impomos limite aos nossos desafios. Adorei o texto! Bjs!