Páginas

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Não troco jamais!

40 graus na sombra. Vento, nem em sonho. Não tem cinema 3D. Falta opção de lazer e cultura. Pra criança, então, é um exercício de criatividade descolar coisas legais pra fazer. Eu sei que tudo isso é verdade sobre Teresina, mas é minha cidade e eu amo morar nela, com todos os problemas que ainda apresenta.


Minha relação com Teresina é simples: amo a cidade e não penso nunca em morar em outro lugar, pelo menos de maneira fixa. Se pudesse, todo ano saía, passava um ou dois meses fora, e voltava de novo pra cá, onde eu de fato pertenço e onde me sinto acolhida.


Na verdade não sou teresinense. Nasci em Porto Alegre por uma circunstância da vida dos meus pais, mas voltei pra cá (porque ainda fui fabricada aqui) antes dos dois anos de idade. Nos trinta e um anos que se seguiram, morei ou passei períodos curtos em cidades diferentes, mas sempre sabendo que era pra cá que eu queria voltar.


Aqui tive quase toda a minha educação formal - da pré-escola até o mestrado, que ainda está em curso. Aqui dei meu primeiro beijo, tive meu primeiro amor e alguns dos outros amores que vieram depois. Aqui tenho amigos que me conhecem desde criança, e que valem mais que qualquer outra amizade que eu tenha feito depois. Aqui pari meus três filhos, e tento ensiná-los esse amor por Teresina, pelo que é nosso. Aqui também tenho uma família enorme, linda, acolhedora e festeira.


Confesso que nem sempre gostei de Teresina assim. Na adolescência, queria "vazar" daqui o mais rápido que pudesse pra o lugar mais longe que meus pés pudessem me levar. Rebeldia típica da idade: eu não gostava era de mim, e por isso queria ficar longe dos pais, da família, das origens. Quando morava em Brasília (cidade onde eu amei morar), contava os dias para as férias: Teresina era o lugar onde todos se encontravam, e podiam conversar sobre a nova vida que cada um levava longe dos pais, em novas cidades, nas faculdades pelo Brasil afora. Mas não durou muito e voltei, achando que ia odiar ter que voltar a morar aqui. Que nada! Teresina me acolheu de novo como filha, e assim tem sido ao longo dos anos, quando saio e volto, só pra ter certeza de que aqui sou mais feliz que em qualquer lugar.


Então hoje, no aniversário de 158 anos da minha cidade, eu só desejo que esses probleminhas que ainda temos sejam aos poucos resolvidos (o calor não será jamais, mas paciência...). Ah! E desejo também, do fundo do meu coração, que parem de fazer rimas cachorrras com o nome da cidade, especialmente a famigerada Teresina/menina, até porque aos 158 anos a cidade já deixou de ser menina faz tempo, hein?

Nenhum comentário: