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domingo, 13 de junho de 2010

Tomodachis

Domingo é um dia enfadonho e improdutivo. Mas pra mim esse domingo tem que render - por isso estudo desde as 7 da matina. Resolvi tirar um recreio pelo facebook e encontrei uma surpresa deliciosa vinda diretamente de Nagoya, Japão. Meus amigos queridos Eulália e Rodrigo postaram um vídeo que lembra a gente, nossas farrinhas e brincadeiras. E falaram da vontade de estar na Taboca do Pau Ferrado tomando cerveja e conversando miolo de pote. Eita, que saudade boa não existe, não. Deu vontade de pegar o telefone e ligar pra eles (ainda lembro teu celular de cor, amiga) e chamar pro almoço de domingo no Malagueta, com as crianças subindo e descendo nos brinquedos e a gente com um olho na comida e outro neles.

Mas saudade mesmo deu daquele vinho que tomamos no frio, quando eu só sabia chorar e pensar que tudo no mundo tava errado. E eu via tudo tão ao contrário, mas tão ao contrário, que resolvi correr pro lugar mais distante que pude, onde tudo gira pro outro lado, pra achar a lógica de tudo. E achei. E vocês tavam lá, se admirando com minhas descobertas óbvias. Todo mundo sabe: a vida não acaba porque a gente tá sofrendo. O sol não deixa de nascer, as obrigações não cessam de se impôr à nossa frente, e os prazeres - que parecem tão distantes - acabam se mostrando de novo. A verdade de que a gente nasceu pra felicidade se mostra de um jeito ou de outro. Mas imersa em dor e culpa eu não via nada. E com vocês por perto eu voltei a sorrir de mim, e a fazer piada. E quando pensei que não, já tava respirando de novo, e perdendo aquela cor azulada que eu tinha adquirido. E quando percebi, já tava vendo beleza em pequenos gestos e em palavras bonitas colocadas com delicadeza sobre o travesseiro.

Esses dias me peguei pensando no Japão com saudades, e tive vontade de falar pra vocês. Como sabem, saí daí meio enfadada de tudo, embora curada. Osaka foi pra mim uma clínica de reabilitação: tratamento radical do vício de ser tão eu. E como toda rehab me deixou cansada. Mas eu tinha que descobrir como ser eu mesma de novo aqui desse lado do mundo. E o que não faltou foi medo de não conseguir. Era como estar num corpo novo que não me obedecia como o anterior, com o qual eu já estava tão acostumada. E sabem o que eu queria dizer pra vocês? Que a minha alma já se acomodou direitinho nesse novo corpo: cada cantinho já foi preenchido por mim e todos os meus movimentos agora são voluntários. Aqueles espasmos esquisitos, os impulsos sem explicação, a voz que falava e não era minha... tudo isso passou. E eu queria vocês aqui comigo pra testemunhar isso. Se saudade não for isso, sei mais o que é, não. Dava hoje o que tenho e o que não tenho por um churrasco com vocês na Taboca do Pau Ferrado.

P.S.: Diana rules!!!

2 comentários:

Vicente Cortez disse...

Concordo plenamente: Diana Rules!

Eulália Vasconcelos disse...

Ai, amiga, adorei esse texto. Estava meio pra baixo, me sentindo abandonada (tu sabe que gosto de ser dramática, menos que a Tathi, claro!), quando li o texto vi a importância e o valor das grandes amizades. Sinto muito tua falta, pode apostar! Ah! Em agradecimento, coloquei uma nova homenagem via twitter. Vai lá depois! Beijos!!!