Eu não tenho medo de envelhecer. Nunca tive. Até hoje nunca sequer me passou pela cabeça mentir minha idade. Tenho muito orgulho de meus 32 anos, que amanhã serão 33. É por isso também que adoro aniversário - pra mim o ano começa no dia 31 de julho. Sabe as resoluções de ano novo que as pessoas gostam de fazer em 01 de janeiro? Faço todas no dia do meu aniversário. É quando gosto também de olhar pra trás e pensar sobre o aniversário anterior e sobre os 365 dias que passaram até chegar essa data de novo. É um exercício interessante e uma reflexão necessária pra mim. Hoje penso que foram 360 graus de mudança em 365 dias apenas.
No dia 31 de julho de 2009 eu estava triste, como na maioria dos dias daquele ano . Mas, mais que isso, eu me sentia perdida e impotente. Crise dos trinta atrasada? Talvez. Mas eu pensava que ainda tinha tanta coisa que eu queria fazer e viver e sonhar... Meio morta - era assim que eu tava. "Ah! Mas isso deve passar!", eu pensava. E passou agosto, passou setembro e só o que não passava era a certeza de que alguma coisa (quase tudo) tava errada.
No dia 31 de julho do ano passado eu fiz minha famosa listinha das coisas boas que tinham acontecido no ano anterior, e das coisas que eu queria mudar, conquistar, conseguir. A segunda lista era tão maior que eu tive vontade de rasgar tudo, me trancar no banheiro e chorar. E foi o que eu fiz.
No dia 01 de agosto eu acordei decidida a mudar a vida, mas nem sabia por onde começar. A vontade era explodir tudo e depois ver o que fazer com os pedaços que sobrassem. E, de um jeito ou de outro, foi mais ou menos isso que eu fiz, embora tenha me custado muito mais tempo e lágrimas do que o que eu inocentemente esperava.
Pensado nesses 365 dias, prefiro lembrar as coisas boas que me aconteceram - e olha que não foram poucas. Eu passei na seleção do mestrado. Fui ao Japão mais uma vez e encontrei um país completamente diferente do que eu tinha conhecido oito anos antes, e lá re-encontrei amigos que me fazem uma falta sem nome. Lá também eu senti borboletas no estômago mais uma vez. Quando o frio foi muito grande, voltei pro Brasil e re-encontrei amigos perdidos, trouxe pra mais perto todos os outros, e ainda ganhei uns novos que me fazem muito, muito bem. Comecei o mestrado, achando tudo um pouco esquisito, sabendo nada de antropologia, mas com vontade de aprender e aprender e aprender. Acabei descobrindo que estava no lugar certo. Lá conheci pessoas maravilhosas, que hoje faço questão de que façam parte da minha vida, e que eu adoro saber que vou encontrar todo dia de manhã.
Esse ano também eu botei em prática, junto com Danda, o projeto do livro, que há tempos estava parado por pura inércia nossa. O processo de produzir esse filho, com a ajuda da Josélia, foi ao mesmo tempo estressante, intenso e fantástico. Vê-lo pronto foi uma emoção que eu nem sei bem como explicar.
Algumas coisas que me incomodavam continuam aqui: eu ainda sou ansiosa, eu ainda me angustio, eu ainda olho em volta às vezes e penso que não sou suficiente. Mas eu sei também que isso, uma hora ou outra, vai passar. E pelo menos tô aprendendo a não ter pressa e a respeitar o ritmo do tempo - às vezes louco, às vezes lento - e a não tentar modulá-lo à minha vontade.
E o melhor de tudo, eu re-aprendi a sonhar, a pensar que as coisas ficam sempre melhores e que eu sempre consigo dar meus pulos, e colocar tudo no lugar. Hoje eu já me pego sonhando - com a conclusão do mestrado, com o curso de francês, com a viagem de mochila pela Europa, com o próximo livro, com um doutorado em Salamanca, com a casa nova, com um documentário, com a paz na inquietude.
Aprendi também - e acho que esse foi o aprendizado mais difícil, mas também o mais libertador - a pedir colo, a me mostrar frágil, a aceitar os muitos ombros amigos que sempre estiveram à minha disposição. E entendi que nada disso é fraqueza e que eu não tenho mesmo nada a provar.
No final das contas, coisa boa é aniversário, pra pensar que, do ano anterior pra cá, eu sinto muito mais que antes, e meus olhos vêem mais e melhor, e buscam muito mais longe do que quando eu olhava apenas pra baixo e pra trás.
No dia 31 de julho de 2009 eu estava triste, como na maioria dos dias daquele ano . Mas, mais que isso, eu me sentia perdida e impotente. Crise dos trinta atrasada? Talvez. Mas eu pensava que ainda tinha tanta coisa que eu queria fazer e viver e sonhar... Meio morta - era assim que eu tava. "Ah! Mas isso deve passar!", eu pensava. E passou agosto, passou setembro e só o que não passava era a certeza de que alguma coisa (quase tudo) tava errada.
No dia 31 de julho do ano passado eu fiz minha famosa listinha das coisas boas que tinham acontecido no ano anterior, e das coisas que eu queria mudar, conquistar, conseguir. A segunda lista era tão maior que eu tive vontade de rasgar tudo, me trancar no banheiro e chorar. E foi o que eu fiz.
No dia 01 de agosto eu acordei decidida a mudar a vida, mas nem sabia por onde começar. A vontade era explodir tudo e depois ver o que fazer com os pedaços que sobrassem. E, de um jeito ou de outro, foi mais ou menos isso que eu fiz, embora tenha me custado muito mais tempo e lágrimas do que o que eu inocentemente esperava.
Pensado nesses 365 dias, prefiro lembrar as coisas boas que me aconteceram - e olha que não foram poucas. Eu passei na seleção do mestrado. Fui ao Japão mais uma vez e encontrei um país completamente diferente do que eu tinha conhecido oito anos antes, e lá re-encontrei amigos que me fazem uma falta sem nome. Lá também eu senti borboletas no estômago mais uma vez. Quando o frio foi muito grande, voltei pro Brasil e re-encontrei amigos perdidos, trouxe pra mais perto todos os outros, e ainda ganhei uns novos que me fazem muito, muito bem. Comecei o mestrado, achando tudo um pouco esquisito, sabendo nada de antropologia, mas com vontade de aprender e aprender e aprender. Acabei descobrindo que estava no lugar certo. Lá conheci pessoas maravilhosas, que hoje faço questão de que façam parte da minha vida, e que eu adoro saber que vou encontrar todo dia de manhã.
Esse ano também eu botei em prática, junto com Danda, o projeto do livro, que há tempos estava parado por pura inércia nossa. O processo de produzir esse filho, com a ajuda da Josélia, foi ao mesmo tempo estressante, intenso e fantástico. Vê-lo pronto foi uma emoção que eu nem sei bem como explicar.
Algumas coisas que me incomodavam continuam aqui: eu ainda sou ansiosa, eu ainda me angustio, eu ainda olho em volta às vezes e penso que não sou suficiente. Mas eu sei também que isso, uma hora ou outra, vai passar. E pelo menos tô aprendendo a não ter pressa e a respeitar o ritmo do tempo - às vezes louco, às vezes lento - e a não tentar modulá-lo à minha vontade.
E o melhor de tudo, eu re-aprendi a sonhar, a pensar que as coisas ficam sempre melhores e que eu sempre consigo dar meus pulos, e colocar tudo no lugar. Hoje eu já me pego sonhando - com a conclusão do mestrado, com o curso de francês, com a viagem de mochila pela Europa, com o próximo livro, com um doutorado em Salamanca, com a casa nova, com um documentário, com a paz na inquietude.
Aprendi também - e acho que esse foi o aprendizado mais difícil, mas também o mais libertador - a pedir colo, a me mostrar frágil, a aceitar os muitos ombros amigos que sempre estiveram à minha disposição. E entendi que nada disso é fraqueza e que eu não tenho mesmo nada a provar.
No final das contas, coisa boa é aniversário, pra pensar que, do ano anterior pra cá, eu sinto muito mais que antes, e meus olhos vêem mais e melhor, e buscam muito mais longe do que quando eu olhava apenas pra baixo e pra trás.