Páginas

sábado, 17 de julho de 2010

Império dos Sentidos

Pro tato, penugem das costas do bebê; barba por fazer; xenhenhém ou qualquer lençol velho e macio; calcinha de algodão; tacho de feijão no Mercado Velho; cafuné; preparar massa pra taco; pés descalços na terra ou piso frio; areia de praia; costelar com filho; lavar o macarrão escorrido; vento de praia no cabelo; botar agasalho quando faz frio.


Pro paladar, chocolate meio amargo; pato no tucupi; cerveja estupidamente gelada; jaca; manga verde com sal; bombom de cupuaçu; siriguela e goiaba; lasanha de beringela; vinho tinto e seco.


Pro olfato, cabeça de recém-nascido; tucupi na panela; alho frito; bafinho de filho ao acordar; lençol passado com alfazema; livro novo; patchuli; terra molhada.


Pra visão, o primeiro olhar pro filho; chuva caindo com raio; o pôr-do-sol de Teresina no B-R-O bró; o céu de Brasília o ano inteiro; o mar do Coqueiro; filhos dormindo abraçados; filho acordando manhoso, coçando o olho com remela.


Pra audição, "mããããee", dito pela gente ou pelos filhos; Piazolla pra parir um livro; samba pra desopilar; Chico pra sentir toda hora; Beatles pra dirigir cantando; blues e jazz pra arrumar o guarda-roupa; sussuro ao pé do ouvido; Palavra Cantada pra cantar com os meninos; rock dos anos 80 pra nunca esquecer; Cazuza e Barão pra tudo; "filhota", dito pelo meu pai; onda quebrando na praia; Tarkan pra rememorar; vento no bambuzal; Jorge Benjor pra dançar e suar.

Nenhum comentário: