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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Isso não se faz, senhor Saramago!

Redinha na varanda, na beira do mar, vento batendo, surra de areia vez ou outra, livro de Saramago e cervejinha gelada. Perfeito. Aí você se depara com isso:
Eu sou todas as mulheres, todos os nomes delas são meus, disse lilith, e agora vem, vem depressa, vem dar-me notícia do teu corpo. (...) Desfrutemos então o tempo que nos resta, vem para mim, disse lilith. Abraçaram-se aos beijos, agarrados rolaram na cama de um lado para outro, e quando caim se encontrou sobre lilith e se preparava para a penetrar, ela disse, A marca da tua testa está maior, Muito maior, perguntou caim, Não muito, Às vezes penso que ela irá crescendo, crescendo, alastrando por todo o corpo e me converterei em negro, Era o que ainda me faltava, disse lilith soltando uma gargalhada, a que imediatamente sucedeu um gemido de prazer quando ele, num só impulso, a cravou até o fundo. (Caim)
OK, senhor Saramago. O senhor morreu, bateu as botas, desencarnou. Como ateu, imagino que deve ter acreditado que se desintegraria, deixaria de existir. Não vou aqui discutir esses mistérios insondáveis. Eu tenho lá minhas dúvidas sobre que diabo nos acontece ao morrer. Mas o fato é que outros, como eu, continuam aqui em carne e osso e nervos e boca e cabelos e ouvidos e todo o corpo recoberto por pele e terminações nervosas. Então faça-nos o favor de não nos provocar assim, combinado?

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