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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Era uma vez uma menina que gostava de assistir a procissão de São Pedro, com seus barquinhos coloridos. Era uma vez a mãe da menina que contava a história do Pedro Pescador, e que a menina pedia sempre pra repetir. Essa menina adorava chuva e raio, e sempre visualizava São Pedro mexendo em alavancas, sentando numa cadeira de espaldar alto, toda vez que se anunciava chuva na Chapada do Corisco. E era uma vez um tal de Monteiro Lobato, que criou um menino chamado Pedrinho, que vivia no Sítio do Pica-Pau Amarelo e tinha uma irmã de nariz arrebitado como o da menina.
Era uma vez um susto. E uma alegria sem medida. Era uma vez um filho na barriga. Era uma vez a certeza de que ele só podia ser Pedro. Era uma vez um choro alto. Era uma vez um menino vermelho de dedos roxos. Era uma vez o maior amor do mundo - era invasão de amor entrando em todos os poros. Era uma vez a perplexidade - e existe amor assim?
Era uma vez uma menina que virou mãe e mulher. Era uma vez um filho que já nasceu adulto. Era uma vez a necessidade de ser sempre melhor pra ele. Era uma vez a certeza de que o aprendizado seria constante.
E é agora o menino que toca guitarra, que anda de skate, que emociona a mãe com suas palavras bem escritas. É agora o menino cuidadoso e preocupado, que chegou a oferecer à mãe as mesadas guardadas pra ajudar no tratamento do irmão. É agora o menino pirracento e de gênio difícil, igual ao da mãe. É agora o aluno exemplar, mas que não é CDF. É agora o menino argumentador, pra quem tudo tem que ter uma explicação. É agora o menino que joga um futebol de encher os olhos. É agora o menino com quem a mãe adora conversar. É agora o menino que divide com a mãe a paixão pelo mar. É agora o menino que quer liberdade e a mãe que não sabe como dar. É agora, oficialmente, o adolescente. E a mãe ainda tentando aprender como é que se cria gente que já nasceu criada. Parabéns, Pedroca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Liiiiindo texto! O que o Pedro disse quando leu?