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domingo, 4 de abril de 2010

Pra que servem os amigos?

Pra estarem por perto quando a gente precisa ou mesmo quando não. Amor de amigo está ligado a um querer e nem sempre a um precisar. Por isso é um amor assim tão bonito.

Amigos servem pra nos receber de braços abertos e quentes no frio japonês, quando a gente nem sabe bem mais com que olhos chorar e não encontra cobertor suficiente pra nos aquecer. Servem pra que a gente viaje por três horas só pra afogar as mágoas numa garrafa de vinho. Servem pra ver o sol nascer, dividindo a surpresa e a decepção. Amigos servem pra que a gente possa ouvir deles que não, eu não estou louca em sentir esse amargo de ódio. Que não, eu não sou impulsiva e irresponsável e que sim, eu mereço tão mais... Servem pra nos fazer acreditar que tudo será bem melhor, no momento em que a gente só vê escuridão.

Mas não só pra isso servem os amigos. Eles servem pra que você tenha um referencial claro de você mesma, de quem você é, quando o mundo parece ter mudado de eixo e você acha que já não sabe mais nada. Pra isso servem os amigos de infância, que sabem de você desde as voltas de bibicleta pelo "picho", desde a primeira paixão platônica. Pra eles você não precisa se explicar, se detalhar, esmiuçar - eles já sabem bem. E é um alívio não ter que se repetir.
E tem aqueles amigos que te levantam a bola: te pegam pela mão quando você nem pensa em sair da cama, exigem que você fique linda e te acompanham na balada. Eles te ajudam a sair da posição de peixe fora d'água. E sempre tem o telefonema no dia seguinte, a fofoca sobre a noite, a parceria no crime, e a deliciosa complacência: "Que é isso? Você tava ótima! Desencana!" Que maravilha são esses amigos!
E tem também os amigos que a gente mal vê. A distância geográfica, a agenda apertada acabam por nos apartar. Mas quando a gente se encontra parece que foi ontem mesmo que a gente deu boas gargalhadas e chorou uns baldes de lágrimas. E haja conversa pra se atualizar. E haja promessa de nunca mais se afastar.
E tem aqueles que a gente nem conta como amigos. Parece que nunca ouve aproximação verdadeira, até que um dia a vida te dá aquela rasteira. E de repente, sem que você espere, você ouve as melhores palavras que poderia, recebe o abraço mais caloroso, e descobre em alguém que você pouco conhecia um amigo disposto a te fazer um bem que você nem sabe se merecia.
Tem também as amigas do dia-a-dia, com quem você divide pequenas besteiras e crises medonhas, reclamações, alegrias, chateações e as vitórias dos filhos. Com elas você senta no Hashi e brinca de clube da Luluzinha, fala da vida, xinga os homens, faz planos malignos. E depois vai dormir, satisfeita com a catarse, com o poder dividir.
Minha mãe sempre disse, e eu acredito: "mais vale um amigo na praça". E eu sou muito, muito abençoada por ter tantos e bons amigos.

2 comentários:

::josélia neves:: disse...

rapaz, eu adoro sempre tb! e são o nosso ouro, amigos!

Eulália Vasconcelos disse...

Eu adorei teu texto!!! Aliás, sou suspeita para falar. Te amo muito, minha amiga!!! Sinto falta de nosso dia-a-dia, agora que virei amiga separada pela distância. Beijos!!! Te cuida!!!