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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Enfim

Sexta-feira. Êêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêê! (Sim, hoje tô besta. Sim, essa semana foi terrível. Sim, o post de hoje é só isso mesmo.) E viva a sexta-feira!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Alçada

Alçada é um conceito que eu desenvolvi ao longo da vida, mas que só recentemente nomeei, numa dessas conversas de fim de noite com um amigo que gosta tanto quanto eu de criar teorias sobre o mundo e sobre as pessoas - aquelas teorias bestas que não servem pra nada, só mesmo pra gente gargalhar e fingir que o mundo faz mesmo algum sentido. Eu falava da teoria do homem de pochete, ele destrichava a teoria dos bebês mimimi, eu lembrava da teoria do primeiro encontro-desastre, ele discorria sobre a teoria da viagem em grupo. E numa dessas histórias de viagens, chegamos ao meu conceito de alçada. É mais ou menos assim: algumas pessoas (muitas na verdade) fazem parte da minha alçada. E isso significa algo bem simples: mesmo que essa pessoa esteja errada eu SEMPRE vou defender, e se ela se der mal eu vou ajudar, nem que seja a correr. E ponto. Mas a alçada não é algo estático. Existem, sim, essas pessoas que tem permanência perene na minha alçada: filhotes, família, amigos. E existem também alçadas circunstanciais: você vai pra um show com uma turma enorme que inclui amigos, namorados/as de amigos/as, vizinho do namorado e o diabo a quatro. Todo mundo que foi com você, naquela noite, faz parte da sua alçada. E todo mundo fica ligado se alguém for empurrado, se alguém se perder, se alguém nunca mais voltar do banheiro. É uma alçada temporária, digamos. Outro dia, fui pra um show e de lá pra um pub, e minha alçada foi se modificando durante a noite. Lá pelas tantas, uma menina que pouco conheço (mas que estava no mesmo grupo que eu) se viu sozinha às 4h da manhã porque a "amiga" com quem ela tinha ido resolveu seguir um cara até o aeroporto. Botei a figura no carro, pedi a outra amiga que me aconpanhasse e atravessei a cidade pra deixá-la sã e salva em casa. E não é porque eu sou boazinha, não. É só que ela estava na minha alçada naquela noite - e eu queria que agissem comigo assim também, e principalmente com meus filhos, se fosse preciso. E, sinceramente, é preciso realmente saber escolher sua alçada: porque uma figura que deixa a amiga sozinha, sem eira nem beira, de madrugada, pra seguir um saxofonista narigudo, realmente não merecer estar na alçada de ninguém.
Eu tenho a sorte de ter um mundo de gente na minha alçada - essa bolha de proteção, carinho e cuidado que eu invento pra manter quem importa pra mim, nem que seja de forma circunstancial. E tenho mais sorte ainda de ser da alçada de tantas outras pessoas. E de poder, depois de uma chateação imensa, saber exatamente pra que números ligar, e poder receber conforto em forma de palavras, e poder esperar a noite pra receber o colinho que eu merecia. E voltar pra casa leve, sabendo que o que importa na vida é a alçada.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ela, de novo

Eu nem ia atualizar esse boteco hoje. Tô cansadinha do final de semana. Mas achei um negócio tão interessante no blog da Cristiana Guerra que não resisti copiar e colar aqui. Eu queria ter escrito - parece que é de mim que ela fala.

Ofegante.

Às vezes o que me falta é descanso. O que me escapa é a pausa. Como se em uma distração a vida pudesse fugir. Minha respiração é curta como é rápido o meu pulso. Sempre alerta. A postos para não parar. Ainda mais com uma vida outra batendo fora de mim, um amor de pernas e braços que caminha sem fim pra ganhar o mundo. Tenho fobia do não fazer. E penso tanto, que nem cabe na fala. As 24 horas do dia, dou um jeito de transformar em 30, nem que seja no silêncio da madrugada. A vida sempre me diz "Não tente me controlar", mas eu finjo que não entendo. O que ela quer de mim é coragem, já disse o João. E eu faço de conta que sou corajosa. Mas faço tão bonito, que ela até acredita.

domingo, 21 de novembro de 2010

Sonhos de uma noite de verão

Não gosto de cochilar - os sonhos de cochilos são mais loucos que os sonhos de sono profundo. Meus sonhos são cruéis, longos, loucos, perturbadores e intensos. Meus sonhos me traem e me fazem acordar. E eu nunca consigo decidir se é melhor o sonho ou o acordar com gosto de vida na boca, sem poder vivê-la. Eu cochilei durante o show do Paul. Não, eu não tava no estádio, mas eu cochilei durante o show do Paul na TV. E deve ser culpa dessa lua absurda que tá lá fora, mas meu sonho foi mais louco que todos os outros sonhos que tive na vida. E olha que meus sonhos são piores que qualquer viagem de LSD, que qualquer copinho de ayuhasca que você possa ter bebido. Meus sonhos gritam, berram e se impõem como entidades autônomas. E o dia inteiro lendo Lacan deve ter contribuído pra isso também. E no sonho a analista gritava "você não se mostra faltosa, sua incompetente!" E eu só pensava - porque não conseguia falar, porque sou uma pomba lesa - que eu sou a carência em pessoa, que eu tenho mais falhas e faltas e buracos que um queijo suíço. Mas eu não conseguia dizer nada disso. Eu só ouvia a analista gritando, e quanto mais ela gritava mais altas ficavam as paredes do forte que eu construí pra nunca precisar sair. "E quem quiser que escale, que pergunte, que acredite, que se sinta seguro" Eu pensava, mas não dizia. Na verdade, eu só me encolhia. E que estranho que mesmo dentro do sonho eu tivesse consciência de que sonhava e dissesse pra mim mesma: "Isso é só um sonho, não se assuste. Você não é de se acovardar. Levanta, vai. Levanta e grita. Levanta!" Mas eu não levantava. No sonho, como na vida, eu precisava pisar firme, sentir chão, pra ter empuxo e pular. "Mas você é o chão, querida", dizia a rainha de copas. Por-ra ne-nhu-ma! Nunca mais quero ser o chão. Quem quiser que seja firme e aguente. E Sargent Pepper's começa a tocar e eu abro os olhos mas mesmo assim não paro de sonhar. Porra é essa, hein? Ainda bem que amanhã é segunda-feira. E Drummond sabe, né: "Hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se"

sábado, 20 de novembro de 2010

Só por isso mesmo

Porque hoje é sábado, o bom humor sussurou no meu ouvido. Porque susussuros são sempre mais fortes que gritos, eu acordei cheia de energia. Porque São Pedro me presenteou com uma amanhecer nublado, eu acordei feliz. Porque ontem eu vi o outono japonês via internet, senti um frio bom. Porque eu ouvi e vi minha amiga que tá tão distante, eu me senti tão bem. Porque eu vi sete pintos pulando num espetáculo teatral, eu sorri. Porque eu conversei besteira a noite inteira, acordei com a barriga doendo de tanto gargalhar. Porque palavras chegaram, eu me senti aquecida e guardei cada fonema pra mim. Porque eu não sei disfarçar, ri baixinho de contentamento olhando o celular. Porque hoje é sábado, eu respiro felicidade.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Bléu

Havaí era o nome do sítio da tia Lília, diretora do INEC, colégio onde eu estudei quando era criança. Todos os anos o colégio promovia passeios pro Havaí, e todas as crianças esperavam ansiosas pelo dia-de-lazer. Mas teve um ano que eu não pude ir. Cortei meu pé pela enésima vez no raio da bicicleta vermelha do Ziza e meus pais não acharam conveniente me mandar pra um lugar cheio de terra. Pois bem. Foi preciso muita conversa, adulação, promessas de um dia incrível em casa, pra eu finalmente aceitar que eu não iria e que isso não era a maior tragédia do mundo. Do alto dos meus quatro ou cinco anos me conformei em perder a diversão. Mas no dia do tal passeio, vi minha mãe arrumando os lanches dos meus irmãos, organizando as mochilas, e uma coisa ruim começou a crescer dentro de mim. No dia seguinte bem cedo, vi os meninos saindo de casa com o papai pra pegar o ônibus que sairia da escola em direção ao Havaí. E abri o berreiro. Aliás, acho que abri um dos maiores berreiros da história. E de nada adiantava minha mãe dizer que já tinha conversado comigo sobre isso, que eu tinha entendido direitinho, que eu já era uma mocinha, e todas essas coisas que os pais dizem aos filhos pra eles se sentirem culpados pela própria tristeza. Nada adiantava pra me consolar. E durante um bom tempo, toda vez que eu ouvia o nome Havaí me dava um nó na garganta porque TODO MUNDO foi mas eu não. E eu não participei das brincadeiras, nem do banho de piscina, nem vi o menino de olhos puxados chamado Leonardo se perder mais uma vez, nem a Raquel chorar com saudades da mãe. Eu simplesmente não participei.
Pois hoje eu tô do mesmo jeito, mas sem o berreiro. Voluntariamente fui deixar meus amigos no aeroporto pra ir pro show do Paul McCartney. E descobri que a sensação de que todo mundo vai se divertir menos eu é bem facinha de acessar. Só que dessa vez não teve corte no raio da bicicleta nem pai ou mãe pra escolher o que era melhor pra mim. Eu mesma tive que me proibir de gastar essa grana. E é por isso que ainda me sinto mais incomodada. Eu mesma podei minha diversão. E por isso não deveria ter direito nem à inveja. Mas a invejinha e a vontade de ir tão no corpo tooooooodinho! Humpf pra vocês que nesse momento estão no avião. Mil humpfs! Bléu pra vocês!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uniformes, Buenos Aires, Paul McCartney

A pedidos. Vai que é tua, Denise.

- Vela o quê?
- Velez, Cacá. Velez Sarsfield.
- OK, então.
Eu nunca tinha ouvido falar desse time, mas qual a novidade? Conheço Vasco, Flamengo, São Paulo, Palmeiras, uns dez Atléticos (todo estado tem um, é?), River, e só. Ah! Conheço o Galatasaray (eu tinha uma camisa laranjona desse time turco, e adorava dormir com ela quando fazia frio.) Da Argentina eu sabia que existia o Boca e o Riverplate. E só. Reconhecendo minha ignorância futebolística, peço que me mande um torpedo com o nome do time di-rei-ti-nho.
Torpedo enviado, desligo o celular e embarco rumo a Buenos Aires (mas não sem antes conhecer a ponte estaiada de Imperatriz e passar horas tomando chopp no aeroporto do Rio).
Mal chegamos a Buenos Aires, entendemos que a missão não seria tão simples assim. Maxi faz cara de quem ouviu alguma loucura quando lhe perguntamos sobre onde comprar a camisa. E emenda, com seu sotaque portenho:
- Velez? Velez Sarsfield? Quem diabo torce por esse time? Eles têm dois torcedores: um aqui em Buenos Aires e o outro deve ser esse louco que quer a camisa!
Tudo bem. Ainda é o primeiro dia. Já entendemos que o time não é lá tão popular, mas não deve ser tão difícil assim achar a camisa, néam?
Engano. Era difícil, sim. Em cada loja que perguntávamos os vendedores repetiam a expressão de espanto do Maxi. E ainda emendavam: "pero tenemos el uniforme de Boca y también de Riverplate". "Muchas gracias, pero ahora solamente quiero Velez!"
Assim, passaram-se quatro dias. E eu já começava a pensar que aquele pedido era uma trote pra me botar pra caminhar de besta. Encontrar a camisa virou uma questão de honra. Entre várias informações desencontradas, fomos a n lojas, compramos de um tudo, mas uniforme do Vélez que é bom, nada!
No último dia, que era o mais importante, afinal teríamos o lançamento do livro à noite, vínhamos no táxi já conformadas e pensado em algo que pudesse substituir a camisa inexistente. Quando de repente Grosélia me cutuca:
- Bee, estamos no tal Lavalle!
- Hein?
- O bairro que a Didi falou que pode ter o uniforme.
- Mas a gente vai se atrasar pro lançamento...
- Bora descer, Bee. Depois a gente pega o metrô que é rapidinho.
Descemos e, logo na primeira loja, o vendedor arregalou os olhos com a mesma expressão do Maxi, ao ouvir nossa pergunta. Mas o fato é que eles tinham, sim, o uniforme. Êêêêêê! O cara provavelmente não vendia uma camisa daquela fazia muuuuuito tempo, porque foi rapidinho perguntando tamanho, buscando no estoque, embrulhando, recebendo dinheiro e dando tchau.
Voltamos pra casa correndo. Nos arrumamos correndo. Atrasadas para o lançamento, mas felizes com o uniforme, chegamos à FUNCEB, apresentamos o filhote, respondemos perguntas, autografamos. De lá seguimos pra jantar e adivinha qual time estava num quadro lá em cima na parede do restaurante? O Velez, vencedor da Taça Quilmes de sei-lá-que-ano.
No dia seguinte, hora de voltar pra casa. Enquanto espero o fim dos procedimentos de bordo no avião São Paulo-Brasília, checo mensagens. E encontro o torpedo de dias atrás com o nome do time - e a indicação clara e em bom português: "Uniforme dois".
- Beeeeeee, comprei a camisa errada! Era pra ser o uniforme dois!
- Como assim?
- Compramos o uniforme um! Puta que pariu!
Tarde demais pra pensar em qualquer outra coisa, resolvi que iria vestir aquele uniforme enorme com um cinto, como se fosse um vestido, e ainda dizer que era moda na Argentina. Ou não. "Quer saber? Caminhei tanto pra achar essa camisa. Vai ser ela mesma."
Chego em Teresina depois da meia-noite, cansada, arrasada e decepcionada com minha burrice em nunca ter lido a segunda linha da mensagem. Ainda no aeroporto, sou saudada com a informação de que deu tudo certo com os ingressos do show do Paul McCartney. E devolvo em resposta, com minha melhor cara de choro, que eu comprei o uniforme errado do Velez.
- Tem nada, não. Besteira...
- Mas por que mesmo tinha que ser o uniforme dois?
- Porque é tricolor...
Ah, não! Agora sim vi a besteira que fiz em trazer a camisa branca e azul! Mas a justiça divina não tarda. Como castigo dos céus, não vou mais ao show do Paul McCartney. (Tá, vou parar de drama. Contas a pagar tá longe de ser castigo divino. Mas mudança passa é perto, viu?)
Só um pequenino aviso aos quatro amiguinhos que vão estar lá: façam o favor de não twitar do show. Alías, quando voltarem, sumam das minhas vistas por pelo menos uma semana. E só voltem a falar comigo quando esgotarem aquelas conversinhas de "... e naquela hora que ele cantou tal música?" Óu quei?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Crise Criativa

Segunda-feira. 9h da manhã. UFPI. Celular toca.
- Alô. Clarissa , aqui é a Fulana da emissora tal. É que a gente tá querendo ver aquela matéria sobre o ENEM...
- Hein?
- A matéria que saiu hoje no Bom Dia...
- Ah! Olha só, você deve tá querendo falar com a Clarissa Castelo Branco, da Clube. Eu sou a Clarissa Carvalho.
- Ô, desculpa, tá?
- Sem problema. Esse é um engano comum. Ó, o telefone dela é xxxxxxxxx.
- Nossa, obrigada.
- De nada.

Quarta-feira. 14:30h. Casa. Celular toca.
- Alô, Clarissa. Tudo bem? Aqui é Fulano do órgão tal. É que eu queria saber se você tem o contato do personagem da matéria tal que saiu ontem...
- Oi, Fulano. Desculpa, mas você ligou errado. Eu sou a Clarissa Carvalho. Você provavelmente deve tá querendo falar com a Clarissa Castelo Branco, da Clube.
- Clarissa Carvalho? Cacá? Ei, menina, tudo bem? Sou eu, Fulano.
- Criatura, tudo bem? Como é que tá? Etc e tal. Quer o telefone da Clarissa? É xxxxxxxxxxx.. Bj. Tchau
- Bj, Tchau.

Sexta-feira. 15h. Casa. Celular toca.
- Clarissa, tu já tá no balé?
- Anh? Balé?
- É a Débora que tá falando. Tu já chegou?
- Oi, Débora. Aqui é a Clarissa Carvalho que tá falando. Não sei quem é essa Clarissa aí do balé, não, mas tenho certeza que não sou eu!
- Ô, professora, desculpa. Eu ia ligar pra minha aluna do balé...
- Sem problema. Bj. Câmbio desligo.

Conclusão da semana: sua vida é um completo clichê quando até as ligações erradas são óbvias. Definitivamente o roteirista da minha série está sofrendo uma crise criativa.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tudo melhora com o tempo

O lançamento do filhote no CEUT foi muuuito bom. E só corroborou com minha tese de que tudo fica melhor com o tempo. As primeiras vezes são sempre esquisitas. O lançamento do SALIPI foi estranho, chato e endless. O lançamento do Palácio da Música foi um nervosismo só e eu não sabia onde botava minhas mãos ou o que fazia com os olhares que recebia. O lançamento na Santo Agostinho foi bom, a gente começou a se soltar. O lançamento em Buenos Aires já foi melhor. Mas hoje no CEUT estávamos as três bem mais tranquilas. Sabe aquele repouso de voz que eu sou obrigada a fazer? Pois é, fiz não. Me empolguei com o fato que vários alunos meus estavam ali assistindo e danei a conversar, e quase o bate-papo não acaba pra banda do Marlonzinho começar a tocar. Foi muito bom, gente. Era isso o que eu queria dizer. Estamos ficando menos duras ao falar do nosso livrinho, né?
A noite só terminou com uma nota triste: achei um comprador pra meu ingresso do show do Paul McCartney. Agora é oficial: vou não. Só espero que ele não morra ano que vem e eu nunca tenha a chance de vê-lo, né?

Novo lançamento

Hoje à noite, a partir das 19h, lançamento do livro M³ - Mulher, Mãe, Moderna, na Semana de Comunicação do CEUT. Eu, Elizângela Carvalho e Josélia Neves vamos bater uma papo sobre o livro, sobre a coluna, sobre a vida de M³ e sobre o que mais vocês quiserem falar. (O médico vai me matar se souber que eu pretendo falar tanto assim!) Ah! E se você estuda comunicação, aproveita e passa antes no GD Ética na Comunicação, onde eu e Cristiane Portela estaremos discutindo esse assunto polêmico e que alguns até acham que não existe. O GD começa às 17h, lá no CEUT. Vai lá, vai.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Shhhhhhhhh

- Bichinha, dois calos, viu? Acho que dessa vez você vai pra faca.
Foi isso que o adorável médico me disse enquanto eu vomitava, depois de fazer a videolaringoscopia.
- Como assim, dr.? Não dá pra fazer fono?
- Até daria. Mas você tem que fazer repouso de voz, e levar as sessões a sério. Você já me disse na consulta passada que não tem tempo pra frequentar fono e nem condições de fazer repouso, né?
É, eu disse. E disse o mesmo dois anos atrás quando fui parar no mesmo médico pelo mesmo problema: começo a semana cheia de voz, e depois vou perdendo aos poucos, a ponto de não conseguir nem cantar baixinho pros meninos dormirem. Na sala de aula, tusso o tempo inteiro. Eu sei, isso é mau uso da voz. Eu fiz fono um tempo, eu aprendi a respirar e a impostar a voz. Eu me senti ótima e dona de uma voz potente. Até tudo voltar agora.
Ao longo da conversa com o médico, entendi que a frase inicial dele era puro terrorismo: posso, sim, recuperar minha voz sem entrar na faca. Mas vou ter que dar um jeito de usá-la o mínimo possível. Visto que sou professora, não sei como farei isso. Visto que eu sou tagarela, acho que vou enlouquecer. Eu falo o que eu penso e o que não penso. Eu falo o que sinto quase sempre. E quando não falo é mau sinal. A verdade é que eu falo muito e o tempo todo. Achando pouco falar o dia inteiro, ainda falo dormindo. Como é mesmo, doutor, que eu faço pra ficar calada?
Combino de voltar na próxima semana e marcar as sessões de fono. E prometo beber água durante as aulas, usar a voz o mínimo, pendurar um patuá gigante no pescoço, fazer promessa pra Nossa Senhora Desatadora dos Nós, desde que eu não precise entrar na faca.
Quando eu já ia saindo do consultório, o médico lembra:
- Bichinha, faça silêncio, viu?
Eu faço, sim, doutor. O senhor nem imagina o tanto de calos que essa história de falar demais tem me causado. O senhor nem imagina. Agora eu quero é ficar bem caladinha.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pecado capital

Eu ODEIO a Cristiana Guerra. Simples assim. Eu odeio que ela escreva tão bem. Eu odeio ter me tornado refém do que ela escreve há anos atrás. Quer saber por quê? Pois lê aí, lê. Parafraseando Validuaté, "isso ainda vai render uma manifesto pela má distribuição do bem escrever".

Quero vestir o seu abraço e sair com ele por aí, como um colete à prova de balas. Abraço longo, apertado, quente. Quero mais, me abrace mais. Mais um pouquinho. Vai sempre faltar abraço pra minha sede dele.

Sei que dentro de você moram sorrisos. Alguns você deixa escapar, os outros esconde no escuro, pra eu procurar. E eu gosto do jogo.

Mentira. Eu a-do-ro tudo o que ela escreve. Isso é inveja, minha gente. Inveja demaaaaaiiiiiiiiis! Inveja que até dói!

domingo, 7 de novembro de 2010

Registrado

Não, hoje eu não vou fechar o domingo com música. Internet lenta demais pra isso. (Mas recomendo, sim, o que tenho ouvido a semana inteira: Validuaté. Compre o disco, cante alto, ria dos inúmeros exemplos de piauiês nas letras das músicas, dance. Tenho feito isso há dias. E recomendo.) Hoje vou aproveitar pra fazer uma coisa que há dias prometo: tá aí o link do álbum organizado pela Grosélia, com nossas fotos de Buenos Aires. Melhor que as fotos são as legendas que ela criou. Divirta-se. Eu me divirto só de rever e lembrar.
http://picasaweb.google.com/joselianeves/BuenosAires#

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

[minha vida que não me ama.
minha amada que nunca vai me amar.
seduzo as duas]

Kerouac

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Rosa

É que ontem foi aniversário de uma pessoinha de um metro e meio que eu amo. É que hoje eu fui pra sua tradicional festa surpresa que de surpresa não tem mais nada. É que nesses anos em que nos conhecemos ela tem alternado os papéis de mãe postiça, amiga, apoiadora incondicional e dona da minha admiração irrestrita. É que ela tem um jeito parecido com o meu de se emocionar por coisas pequenas, e encheu os olhos d`água ao receber meu abraço. É que ela é tão diferente de mim em tantas coisas, mas tão idêntica no que mais importa no mundo: a disposição em defender e cuidar dos seus. É que ela tem sempre os melhores e os piores conselhos pra dar, e o grande lance é saber onde encaixar o conselho do dia, porque ela SEMPRE tem conselhos, até mesmo quando eu não peço, não quero, não preciso. É que ela me quer um bem desgraçado e eu a ela. É que ela é uma rosa.

(Sim, coleguinhas Wizard, podem dizer que tô puxando o saco da chefinha. Essa conversa já é tããão antiga...)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Cacá in a box

Encaixotar a vida é tarefa ingrata e cansativa, mas também libertadora. Esses dias encaixotei lembranças, pedaços de vida, fraldinhas bordadas, sorrisos. Guardei com carinho fragmentos de felicidade, trechos de músicas ouvidas na varanda, calor de amigos à minha volta na cozinha, passinhos incertos pelo corredor, planos e sonhos. Joguei fora dores, mágoas, e qualquer restinho de tempero amargo que ainda estivesse num canto escondido do armário da cozinha. Ao separar o que eu queria do que eu não levaria comigo, acabei produzindo mais cacarecos: uma certeza cega de que tudo vai ficar bem, uma coragem pra seguir, uma sensação de ser invencível, e uma felicidade que não consigo reconhecer de onde vem. Tá tudo aqui guardado. E é com esses cacarecos e bugingagas que vou entrar na minha nova casinha. Lembrando sempre a mensagem que uma amiga me mandou meses atrás, sigo feliz com os filhotes para construir entre aqueles tijolos nosso novo lar:

"Cacá, sinto que casa nova, tijolo e reboco com certeza vão te trazer muita felicidade. É minha sensação e desejo que assim seja... encaixotar e levar só o que interessa é um exercício poderoso! um beijo."


P.S.: Muitíssimo obrigada a Mu, Beth, Ostiga, Lasanha. Sem vocês a mudança teria sido não só mais difícil, mas praticamente impossível. Agora é aguardar a hora da lavagem de sal grosso na casa nova.