A pedidos. Vai que é tua, Denise.
- Vela o quê?
- Velez, Cacá. Velez Sarsfield.
- OK, então.
Eu nunca tinha ouvido falar desse time, mas qual a novidade? Conheço Vasco, Flamengo, São Paulo, Palmeiras, uns dez Atléticos (todo estado tem um, é?), River, e só. Ah! Conheço o Galatasaray (eu tinha uma camisa laranjona desse time turco, e adorava dormir com ela quando fazia frio.) Da Argentina eu sabia que existia o Boca e o Riverplate. E só. Reconhecendo minha ignorância futebolística, peço que me mande um torpedo com o nome do time di-rei-ti-nho.
Torpedo enviado, desligo o celular e embarco rumo a Buenos Aires (mas não sem antes conhecer a ponte estaiada de Imperatriz e passar horas tomando chopp no aeroporto do Rio).
Mal chegamos a Buenos Aires, entendemos que a missão não seria tão simples assim. Maxi faz cara de quem ouviu alguma loucura quando lhe perguntamos sobre onde comprar a camisa. E emenda, com seu sotaque portenho:
- Velez? Velez Sarsfield? Quem diabo torce por esse time? Eles têm dois torcedores: um aqui em Buenos Aires e o outro deve ser esse louco que quer a camisa!
Tudo bem. Ainda é o primeiro dia. Já entendemos que o time não é lá tão popular, mas não deve ser tão difícil assim achar a camisa, néam?
Engano. Era difícil, sim. Em cada loja que perguntávamos os vendedores repetiam a expressão de espanto do Maxi. E ainda emendavam: "pero tenemos el uniforme de Boca y también de Riverplate". "Muchas gracias, pero ahora solamente quiero Velez!"
Assim, passaram-se quatro dias. E eu já começava a pensar que aquele pedido era uma trote pra me botar pra caminhar de besta. Encontrar a camisa virou uma questão de honra. Entre várias informações desencontradas, fomos a n lojas, compramos de um tudo, mas uniforme do Vélez que é bom, nada!
No último dia, que era o mais importante, afinal teríamos o lançamento do livro à noite, vínhamos no táxi já conformadas e pensado em algo que pudesse substituir a camisa inexistente. Quando de repente Grosélia me cutuca:
- Bee, estamos no tal Lavalle!
- Hein?
- O bairro que a Didi falou que pode ter o uniforme.
- Mas a gente vai se atrasar pro lançamento...
- Bora descer, Bee. Depois a gente pega o metrô que é rapidinho.
Descemos e, logo na primeira loja, o vendedor arregalou os olhos com a mesma expressão do Maxi, ao ouvir nossa pergunta. Mas o fato é que eles tinham, sim, o uniforme. Êêêêêê! O cara provavelmente não vendia uma camisa daquela fazia muuuuuito tempo, porque foi rapidinho perguntando tamanho, buscando no estoque, embrulhando, recebendo dinheiro e dando tchau.
Voltamos pra casa correndo. Nos arrumamos correndo. Atrasadas para o lançamento, mas felizes com o uniforme, chegamos à FUNCEB, apresentamos o filhote, respondemos perguntas, autografamos. De lá seguimos pra jantar e adivinha qual time estava num quadro lá em cima na parede do restaurante? O Velez, vencedor da Taça Quilmes de sei-lá-que-ano.
No dia seguinte, hora de voltar pra casa. Enquanto espero o fim dos procedimentos de bordo no avião São Paulo-Brasília, checo mensagens. E encontro o torpedo de dias atrás com o nome do time - e a indicação clara e em bom português: "Uniforme dois".
- Beeeeeee, comprei a camisa errada! Era pra ser o uniforme dois!
- Como assim?
- Compramos o uniforme um! Puta que pariu!
Tarde demais pra pensar em qualquer outra coisa, resolvi que iria vestir aquele uniforme enorme com um cinto, como se fosse um vestido, e ainda dizer que era moda na Argentina. Ou não. "Quer saber? Caminhei tanto pra achar essa camisa. Vai ser ela mesma."
Chego em Teresina depois da meia-noite, cansada, arrasada e decepcionada com minha burrice em nunca ter lido a segunda linha da mensagem. Ainda no aeroporto, sou saudada com a informação de que deu tudo certo com os ingressos do show do Paul McCartney. E devolvo em resposta, com minha melhor cara de choro, que eu comprei o uniforme errado do Velez.
- Tem nada, não. Besteira...
- Mas por que mesmo tinha que ser o uniforme dois?
- Porque é tricolor...
Ah, não! Agora sim vi a besteira que fiz em trazer a camisa branca e azul! Mas a justiça divina não tarda. Como castigo dos céus, não vou mais ao show do Paul McCartney. (Tá, vou parar de drama. Contas a pagar tá longe de ser castigo divino. Mas mudança passa é perto, viu?)
Só um pequenino aviso aos quatro amiguinhos que vão estar lá: façam o favor de não twitar do show. Alías, quando voltarem, sumam das minhas vistas por pelo menos uma semana. E só voltem a falar comigo quando esgotarem aquelas conversinhas de "... e naquela hora que ele cantou tal música?" Óu quei?
2 comentários:
castigo foi o q aconteceu comigo e a Cristina, tivemos problemas tecnicos com o blog... perdemos todas as postagens e comentários...e... mudamos de endereço....
http://blogrevistacrisideia.blogspot.com/
...agora estou arrumando a mudança....q coisa chata...
Já virei fã do teu blog... bjos. dea.
Acho q vou escrever um texto em homenagem a vc e a quem nao pode ir ao show do paul.(KKKKKK).
Meu deus! Perderam tudo? Tudinho? Que chato! Acho que se acontece isso comigo eu enlouqueceria!
Bjs.
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