No dia das mães, e em todos os dias, o que eu queria mesmo era ser suficiente pra vocês, meus três luizes, que me pariram mãe. Eu queria não ser tão impaciente, não estar sempre tão cansada, não ser tão controladora, não me exasperar por tão pouco, não ser tão superprotetora. Mas eu não sou uma pessoa muita afeita a limites. E, como vocês, estou ainda aprendendo.
Eu lembro bem do momento em que vi cada um de vocês pela primeira vez, do cheirinho de sangue e pele fresca, do choro desconsolado que só cessou quando eu dei o peito. Lembro de me sentir tão grande e poderosa, de sentir que estava compartilhando com Deus o poder da criação. Mas também lembro da sensação de ser só mais um animal com sua cria, de me sentir como um bicho - e de gostar disso. E desse momento em diante, da hora me que cada um de vocês deixou de ser um apêndice de mim e passou a ser vida em meus braços, eu nunca mais soube o que era amar em tranquilidade e paz. Porque junto com cada um de vocês nasceu em mim medo e culpa, como gêmeos de vocês.
O medo de morrer deixando vocês, o medo de que vocês adoeçam, o medo de não saber resolver, de não ter as respostas. E a culpa por me saber imperfeita. Porque quando vocês botam esses olhinhos puxados em cima de mim, sei que esperam que daqui saia sabedoria, que eu consiga trazer respostas, que eu tenha o caminho das pedras. E eu às vezes não tenho respostas nem pra mim. Pra falar a verdade, ultimamente não tenho tido respostas pra nada. E vocês merecem tão mais do que isso...
É por isso, e só por isso, filhotes, que eu me exaspero: pela consciência de ser tão pouco quando vocês merecem tão mais. É verdade que de vez em quando eu acredito que estou acertando: de manhã cedo, quando recebo o "bom dia, mamãe lindinha" do Antonio, quando o Zé segura a minha mão com medo de cachorro (de que eu também tenho medo mas não deixo que ele saiba), quando o Pedro finalmente me conta da menina que ele tá paquerando e me permite dar conselhos (mesmo que no fundo eu só pense que é muito, muito cedo e que se essa menina magoá-lo eu juro que vou matá-la!).
Eu sei que sigo errando, filhotes. Mas sempre tentando acertar. E me apego a esses momentos pra acreditar que posso ser sempre melhor pra vocês. Porque vocês são meus luizes. E vocês merecem o melhor sempre.
2 comentários:
Cacá, passei por aqui e me emocionei neste texto!
Que coisa linda!!!
Beijões!
Jana
aii que texto lindo Cacá! ameei =)
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