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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pequena guerreira


Quase entrando em sala de aula, eu pensava que hoje quando saísse da faculdade passaria pra "caçar" a Maria (sim, porque você sumiu e eu não te vejo há semanas e tô com saudade do teu abraço e daquele jeito fofo que você tem de dizer "amo tu", cheia de dengo e com uma doçura que eu morro de inveja e não consigo jamais aprender!).


Mas daí uma pessoa que pouco conheço, com quem já trabalhei e que aprendi a admirar demais, entra em contato comigo no gtalk. Achei a princípio curioso esse contato. Mas ela me falou dos problemas de saúde que a filha vem passando, e desse momento de absoluto desamparo/desespero/medo/impotência que eu tão bem conheço. E quis saber de mim como lidar com isso, como saber que se está fazendo a coisa certa, quem ouvir, como conseguir dormir (essa eu nunca aprendi).


E tudo o que eu pude dizer é que a gente acha as respostas nos filhos, nas suas reações, no seu conforto ou desconforto. E daí vem uma força que eu não sei nem de onde, e uma lucidez que te mostra o que fazer. Eu sei, parece místico, mas você vai saber, sim, como agir. Eu sei que agora isso parece impossível, e que vocês mal conseguem respirar sem que doa, e que bate uma culpa desgraçada de estar saudável quando ela está doente, e que dá vontade de berrar que Deus é esse que permite que uma criança adoeça. Eu sei de tudo isso. Eu estive aí, eu senti assim (segredo: às vezes ainda sinto), mas uma hora, nem que seja por puro senso prático, você vai entender que de nada adianta a revolta e o medo, e nessa hora você vai aprender a olhar com outros olhos e a buscar respostas dentro e não fora.


Eu lembro que eu olhava pros outros pais no hospital com seus filhos e não entendia como eles conseguiam não desmoronar. Eu os via como super heróis e pensava que Antonio tinha o azar de ter uma mãe tão fraca e impotente que jamais conseguiria segurar a barra que ele precisava que eu segurasse. E em tão pouco tempo (talvez o tempo de um sorriso dele), eu me vi defendendo meu pequeno como a leoa que toda mãe deve ser e, mesmo sem um manual, entendi o que ele queria de mim.


Todo dia repito: crianças especiais merecem pais especiais. E vocês são esses pais. E sua pequena pintora modernista é tão mais forte do que o que vocês pensavam quando escolheram pra ela esse nome. O frio, o cobertor... Lembra? Ela é uma pequena guerreira, porque a vida está exigindo isso dela.


Então, Maria, hoje eu corri da faculdade pra casa, o mais rápido que pude, e nem fui te ver. Porque eu queria abraçar meus luizes e lembrar que eu existo pra defendê-los, e que pra eles e com eles eu sei ser doce. E que esse medinho que eu ainda sinto não é sinônimo de covardia, mas sim de certeza de que por eles eu tenho que ser sempre bem mais.

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