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segunda-feira, 31 de maio de 2010

140 motivos

Hoje eu tenho 140 motivos pra estar feliz. Os 140 motivos estão no bagageiro do meu carro, cheirando a coisa nova, cheirando a sonho. Eu mesma fui lá e peguei os 140 com minhas mãozinhas. Ninei cada pacotinho antes de colocar no carro. E contei os dedinhos/páginas. E brinquei de passar os dedos nas páginas pra sentir o ventinho no nariz e o cheiro. (Cheiro de livro novo é um dos mehores do mundo. Cheiro do SEU livro novo é o céu). E liguei pra Danda e Josélia fazendo invejinha por ser a primeira a ver nosso bebê. E ele tá a nossa cara. E amanhã tem mais 860 vindo. E eu quero todos saindo, indo embora, pras mãos de outras pessoas. Como toda boa mãe eu sei que os filhotes devem ir embora.
E quando chegar em casa, tenho cer-te-za que encontrarei Danda e Grosélia enlouquecidas procurando por nosso filhote. E eu só queria dormir. Tô tão cansada que parece que peguei uma surra, e o único músculo do meu corpo que não dói hoje é o miocárdio, porque meu coração tá leve, leve com a chegada do livrinho.
Ah! E quem quiser comprar, ele está a venda a partir de amanhã no estande da livraria Nova Aliança, no SALIPI. E às 18:30h, eu e Danda estaremos no Bate Papo literário, falando do parto desse bebê.

sábado, 29 de maio de 2010

??????????????????????

Aula boa deixa a gente pensando por horas depois. E hoje eu tive uma aula ótima, que me deixou com vontade de mudar meu projeto, de esquecer a cibercultura, de dar o braço a torcer e dizer que antropologia é feita no meio de gente (embora em algum lugar eu ainda saiba que tem gente se relacionando, socializando no ciberespaço, claro). Vontade de ter uns mil dias só pra ficar lendo e pensando, pensando e lendo. E a dúvida eterna ainda foi realimentada: como mesmo estranhar o que eu sei que sou? Como estranhar o que é ser mulher/mãe se é isso que eu sou? Como jogar luz no que é tão óbvio que me deixa cega pra ver além? Como tentar descobrir algo que eu tenho certeza que já sei? Como derrubar essas certezas pré-fabricadas? Aula boa deixa a gente angustiada também. Mas de uma angústia boa de querer encaixar as ideias, encontrar o caminho, esquecer as respostas prévias. E eu tenho que ter um cuidado absurdo com isso, porque eu detesto refazer qualquer coisa: meu negocio e jogar fora e começar de novo. Não sei usar borracha, e acabo perdendo o que já fiz.
Mas alem disso, a aula me deixou pensando em mim como professora. Paixão e uma das coisas mais belas do mundo. Sabe aquela coisa de ter tesão no que se esta fazendo? De gostar, de ter prazer no que faz? Eu queria ser esse tipo de professora, como a da aula que assisti hoje. Que coisa bonita foi vê-la falando de suas pesquisas com índios, dos seus filmes e, principalmente, da certeza de que a pesquisa deve servir pra algo mais alem de dar títulos. Bonito demais ver gente com tutano, que tem paixão pelo que faz. E não que eu não tenha, mas ando cansada e repetitiva, reconheço. Mesmo que eu ainda me sinta motivada pelos meus alunos ultimamente não estou conseguindo estar inteira em lugar nenhum - fragmentei tanto que não me acho nos pedaços.
Tai. Agora me deu vontade de voltar pra analise. Se foi la que eu entendi o que e como eu queria pesquisar, vai ser la também que vou desfazer esse no.
(E meu teclado pirou, os acentos so entram quando querem. Quero jogar o notebook fora e compar outro. hahaha)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Os melhores amigos do mundo são os meus

E eu não canso de repetir. Eu tenho os melhores amigos do mundo. Pra almoçar, amigo menáge, porque hoje é quinta e ele é meu "marido de quinta". (Leia-se de quinta categoria, porque nem a lâmpada queimada do meu banheiro ele trocou!) Mas rodou comigo pela cidade pra eu achar as etiquetas que eu queria e, apesar de se irritar com minha obsesssão por canetinhas perfumadas, topou encarar o centrão pra eu ter o cheiro certo nos convites do livrinho. (Homens nunca entendem porque a gente se fixa em cheirinho de caneta - "Como assim uma pessoa que nem sequer usa perfume e que odeia cheiro forte pre-ci-sa de canetas perfumadas?")
À noite Mu e Maria me ajudando a preencher os convites, a organizar a lista, a não esquecer ninguém. E a cervejinha que não podia mesmo faltar, e o papo colocado em dia, e a saudade que eu tava da Maria já quase querendo passar. (Mas precisa de muitos e muitos dias, Maria, pra minha saudade de tu passar!)
E agora vou mesmo é dormir, feliz em saber que melhor que esse livro é saber que tem tanta gente junto comigo torcendo e ajudando.
Os melhores amigos do mundo são só meus. E eu não dou, não divido, não compartilho e não abro mão nunca mais. Porque eu sou ciumenta e possessiva mesmo. E tenho dito!
(P.S. super nada a ver, mas alguém reparou na lua absurda que tá no céu? É quase uma ofensa!)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pendular

Hoje é mais um daqueles dias que parecem infinitos. Tem orientando vindo aí, tem aula pra dar, tem reunião ainda depois do trabalho, tem texto pra ler quando chegar em casa, tem uma culpa pra engolir quando encontrar as crianças dormindo, tem um silêncio horroroso de casa com crianças apagadas. (Por favor, deixem as luzes acesas ou é capaz de eu tropeçar nessa angústia que me segue noite e dia!)

Ao mesmo tempo que quer muitas horas a mais pra conseguir fazer tudo, você precisa que o dia acabe logo e amanhã nasça um outro. A gente sempre pensa que amanhã vai ser outro dia. Burrice humana - já nascemos programados pra esperança. A memória é coisa perigosa e traiçoeira: lembramos só o que nos interessa, tratamos de esquecer o que mais dói, e por isso acabamos caindo em armadilhas iguais. Minha avó dizia que a dor do parto é uma dor esquecida. Mas eu acho que toda dor é assim. A gente esquece que doeu e vai de novo com a cara no muro. (Ontem eu queimei a mão no mesmo lugar da semana passada, fazendo exatamente o mesmo prato. Mas eu juro que foi sem querer. E juro que nem tão cedo faço almôndegas de novo. E não, isso não é uma metáfora barata robertodamattiana.)

De tarde tentei dar um colo que eu nem tenho pra uma menina cuja avó/mãe tá muito doente. Eu gosto tanto dela e queria tanto ajudá-la. Mas acho que não servi pra muita coisa e continuo sem entender porque tanto procuram conforto em mim. Eu mesma ando abusando do colo dos meus amigos, sentindo uma falta desgraçada da minha mãe, enchendo o saco da minha irmã. Eu mesma ando sem saber bem onde estou. Eu, pêndulo humano, ando oscilando entre a euforia e a tristeza, entre meias certezas e dúvidas silenciosas, entre o cansaço e o impulso. E às vezes me pego sorrindo abestada, ou sem saber onde botar as mãos ou que palavras usar. E a certeza firme que tenho - a única - é só do que eu não quero.
Eu acho que eu tô precisando de férias de mim, só por uns dois ou três séculos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Hoje eu deixo pro poeta do absurdo

no dia que eu me zangar, mato você de carinho
dou uma pisa de amor que você erra o caminho

Zé Limeira

* E bora estudar, meu povo, que a semana mal começou...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Minha alma canta...

Óia o que eu acabei de encontrar na minha caixa de entrada:


CLARISSA SOUSA DE CARVALHO:

Parabéns, o seu documento MATERNIDADE, PARTO E RELAÇÕES DE PODER ENTRE
OS GÊNEROS foi aceito para ser apresentado na(o) II Fórum Internacional de
Análise do Discurso que acontecerá 2010-09-08 em Rio de Janeiro.

Obrigado e aguardamos sua participação no evento.
Rosane Santos Mauro Monnerat
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
II Fórum Internacional de Análise do Discurso
Discurso, texto e enunciação

Pronto, agora eu tô si-si. E haja Foucault, Lipovetsky, Benveniste e Bakhtin pra eu enfim escrever o artigo (mas a cabeça tá é na praia mesmo).

Pequena guerreira


Quase entrando em sala de aula, eu pensava que hoje quando saísse da faculdade passaria pra "caçar" a Maria (sim, porque você sumiu e eu não te vejo há semanas e tô com saudade do teu abraço e daquele jeito fofo que você tem de dizer "amo tu", cheia de dengo e com uma doçura que eu morro de inveja e não consigo jamais aprender!).


Mas daí uma pessoa que pouco conheço, com quem já trabalhei e que aprendi a admirar demais, entra em contato comigo no gtalk. Achei a princípio curioso esse contato. Mas ela me falou dos problemas de saúde que a filha vem passando, e desse momento de absoluto desamparo/desespero/medo/impotência que eu tão bem conheço. E quis saber de mim como lidar com isso, como saber que se está fazendo a coisa certa, quem ouvir, como conseguir dormir (essa eu nunca aprendi).


E tudo o que eu pude dizer é que a gente acha as respostas nos filhos, nas suas reações, no seu conforto ou desconforto. E daí vem uma força que eu não sei nem de onde, e uma lucidez que te mostra o que fazer. Eu sei, parece místico, mas você vai saber, sim, como agir. Eu sei que agora isso parece impossível, e que vocês mal conseguem respirar sem que doa, e que bate uma culpa desgraçada de estar saudável quando ela está doente, e que dá vontade de berrar que Deus é esse que permite que uma criança adoeça. Eu sei de tudo isso. Eu estive aí, eu senti assim (segredo: às vezes ainda sinto), mas uma hora, nem que seja por puro senso prático, você vai entender que de nada adianta a revolta e o medo, e nessa hora você vai aprender a olhar com outros olhos e a buscar respostas dentro e não fora.


Eu lembro que eu olhava pros outros pais no hospital com seus filhos e não entendia como eles conseguiam não desmoronar. Eu os via como super heróis e pensava que Antonio tinha o azar de ter uma mãe tão fraca e impotente que jamais conseguiria segurar a barra que ele precisava que eu segurasse. E em tão pouco tempo (talvez o tempo de um sorriso dele), eu me vi defendendo meu pequeno como a leoa que toda mãe deve ser e, mesmo sem um manual, entendi o que ele queria de mim.


Todo dia repito: crianças especiais merecem pais especiais. E vocês são esses pais. E sua pequena pintora modernista é tão mais forte do que o que vocês pensavam quando escolheram pra ela esse nome. O frio, o cobertor... Lembra? Ela é uma pequena guerreira, porque a vida está exigindo isso dela.


Então, Maria, hoje eu corri da faculdade pra casa, o mais rápido que pude, e nem fui te ver. Porque eu queria abraçar meus luizes e lembrar que eu existo pra defendê-los, e que pra eles e com eles eu sei ser doce. E que esse medinho que eu ainda sinto não é sinônimo de covardia, mas sim de certeza de que por eles eu tenho que ser sempre bem mais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Só contando

Um dia começa perfeito quando na noite anterior você descobre que não vai ter aula de manhã (sim, alunos são todos iguais...) E claro que, ao invés de aproveitar pra descansar, você decide começar a ler Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez, que você havia comprado e escondido estrategicamente entre outros livros na estante, pra não gastar seu pouco tempo com leituras que não interessam ao mestrado. E é claro também que você perde o sono (aquele que você normalmente nem tem) sentindo muita raiva - raiva de inveja - do autor que consegue ser tão jornalista ao escrever ficção, das suas frases tão fortes e concisas quando você sempre se perde em divagações ao escrever (como agora!).
E entre a inveja do autor e a delícia do texto, você vai dormir muito mais tarde do que deveria, já se culpando pelo humor de cão-chupando-manga-pôdre com que você vai acordar no dia seguinte.
Mas você acorda incrivelmente bem humorada, e fica se perguntando o que fazer com a liberdade de uma manhã inteira. (Tá, não é tanta liberdade assim, já que você tem que ir à editora terminar de descascar o pepino do dia anterior. Mas fora isso, ir ao Palácio da Música resolver detalhezinhos do lançamento é uma delícia).
E se almoçar sozinha é uma merda, chega logo um convite do amigo menáge pra um almoço. Sim, aquele mesmo amigo que te deixou esperando um suco que nunca chegou, na noite anterior. E o Papardelle vira palco de mais uma daquelas conversas terapêuticas, recheadas de piadas internas que só vocês mesmos entendem. (Rir de vocês mesmos é o que fazem melhor!)
Atrasada pra reunião do Rondon, você descobre que coisas ruins de passar são as melhores pra contar - e morre de rir olhando pro celular. Afinal, poucas pessoas devem gostar mais de contar histórias que você (OK, nem de longe tão bem quanto o Gutiérrez - ô, mágoa de caboco!). Suassuna não se discute, nem dele se discorda. Mas, metida como é, você ousa um pequeno complemento: histórias boas de viver e contar são ainda melhores.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pequeno Dicionário de Uma M³ à Beira de Um Ataque de Nervos

Incompetência é quando você não tem habilidades e/ou conhecimento para realizar uma tarefa.
Má vontade é quando você não faz o menor esforço pra realizar uma tarefa.
Irresponsabilidade é quando você não tem nem habilidade, nem conhecimento e nem a menor boa vontade pra realizar o que te foi designado.
Desrespeito é quando você ignora que o trabalho/esforço/sonho dos outros depende do seu trabalho, e por isso você não faz a sua mínima parte pra que as coisas funcionem a contento.
Impotente é como você se sente se depende do trabalho de uma pessoa incompetente, irresponsável e de má vontade.
Raiva é o que te faz pagar o king kong de chorar dentro do carro, debaixo do sol, no estacionamento da universidade onde você estuda/trabalha.
Conforto é a sensação de se descobrir parte de um time perfeito, quando do outro lado da linha a companheira te acalma e do outro lado da cidade a outra toma as providências pra que as coisas se resolvam, ao invés de chorar como uma mulherzinha, como você acaba de fazer.
Pronto, Isabela! Tu disse que gosta quando eu tô reclamando?! Pois taí pra tu. A propósito, adorei nossa reuniãozinha. Nada a reclamar!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Low battery

Tanta coisa pra dizer e minha energia acabou. 10 da noite e meu dia ainda tá longe de terminar: um texto pra re-ler e terminar de preparar apresentação, três provas de segunda chamada pra corrigir, uma aula pra terminar de preparar. (Não é coincidência, não: tudo começado e nada acabado). Mas uma coisa muito, muito boa pra eu ficar mais animadinha: o livro entrou hoje na gráfica, e logo vai tá nas minhas mãos. E já preparei a garrafa de café que hoje a noite promete!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

La Miríade

"O caminhar é inerente ao destino e eu, dentro dessa roda toda. Vermelha. Cor de rosa. Azul marinho."

Volta e meia eu herdo uma amiga da minha irmã. Com essa coisa de ser irmã mais velha, me acostumei com aquele band'menina que vivia pela casa da mamãe e a pensar nelas como umas meninas barulhentas e engraçadas, que eu várias vezes maquiava e penteava pra irem pra um show ou festa, e muitas outras vezes eu também dava carona pros lugares (eu, a irmã mais velha que já dirigia).
Pois se demorou pra que eu entendesse que minha irmãzinha tinha crescido (e hoje ela é tão maior que eu, em todos os sentidos), demorou quase nada pra eu pegar pra mim algumas de suas melhores amigas. (Que amigo nunca é demais!)
E hoje uma dessas amigas herdadas (mais virtualmente que na vida real) me deu um sustinho bom. Ao entrar no Facebook, encontrei o link pro seu blog (que eu leio de vez em quando mas sempre gosto). Ela tem uma escrita que eu adoro, uma coisa quebrada, de cacos, de pedaços, de mosaico, e que é tão lindo. E morro de inveja porque meus dedinhos acostumados ao linear nunca conseguiriam fazer.
Pois hoje ela postou um texto pra mim e que tá tão melhor do que qualquer um que eu pudesse escrever. Vai lá visitar essa moça. Eu recomendo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Clube da Lulu

Conversa de mulherzinha e algumas Heineken na cabeça - taí um remedinho bom pra qualquer mal da alma. E é bem verdade que eu tenho padecido de alguns. Mesmo com a garganta inflamada, mesmo sem voz, a reunião de trabalho virou um autêntico clube da Luluzinha - e só eu sei o tanto que eu precisava disso!
Entre definições urgentes do lançamento do tão sonhado livro; entre decisões sobre mesa de frios, bebidas e sushis, um pouquinho de calor pra aquecer a alma, um pouquinho de entendimento sobre o que dói por dentro, um tantinho de certeza de que duvidar é sempre bom.
E eu ainda aprendo isso: a não ter certezas. Que são elas que me desestabilizam. As dúvidas? Elas só me deixam alerta. Mas as certezas minam o que tem de melhor em mim: minha curiosidade, meu buscar constante, minha inquietação.
Pois pronto, agora decidi: duvidar sempre de mim e das minhas certezas. Mas isso já não é uma certeza???

terça-feira, 11 de maio de 2010

Hold on

Não adianta que todos digam que tudo se resolve: saber disso não diminui em nada a turbulência da viagem. Sim, eu sei, tudo é um processo. Mas eu não sou de processos - gosto mesmo é de resultados. Ou como eu dizia quando era criança, eu gosto é do "acabo".


Ossos do ofício de jornalista: a gente pega um pedacinho de realidade que nos parece relevante, joga luz em alguns pontos, corta daqui, edita dali e entrega o pacote de realidade fechado e pretensamente completo. Fast food de realidade. E a vida - tô aprendendo tarde - é pra gourmets, não pra quem se contenta com drive through.


E lá vou eu ouvindo sem parar, no meu computador, no meu carro, no som do banheiro, "Everybody hurts"do R.E.M., que é pra eu cantar enquanto tomo banho, enquanto dirijo, enquanto estudo, enquanto trabalho, que é pra eu cantar bem alto "hold on, hold on, hold on". Pra ver se eu lembro porque é mesmo que eu tenho que segurar essa caneta na mão e não fazer nada com ela. (Isso também é parte do processo? Ficar parada, com cara de babaca?) E sigo me perguntando bem mais: essa caneta é uma arma? Ou será o início da paz? E, sem respostas, canto: "hold on, hold on, hold on".



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rush

Segundo a Lei de Murphy, se algo tiver que dar errado, dará. Mas no jornalismo essa lei foi atualizada para "se algo tiver que dar errado, dará errado apenas na última hora". Qualquer foca sabe disso, e se desespera, e arranca os cabelos e a princípio não entende porque é mesmo que alguém insiste em viver naquela tensão, e entende menos ainda porque gosta tanto daquela tensão. Na hora do fechamento é que tudo dá errado. Só na hora do jornal ir ao ar é que a ilha trava, o TP dá pau, os computadores dão tilt. E depois que todo mundo correu e gritou e bichou e chorou, tudo acaba dando certo, e o jornal vai ao ar e ninguém nem sequer percebeu em casa que aquela matéria caiu. Só então é que se respira e se solta o ar todo dos pulmões. E, bem, impossível não pensar nesse momento como um orgasmo. Hora de descer as escadas pra fumar um cigarro - mas sem cafezinho que a essa hora certamente já acabou!
E eu que jurava sentir saudades do rush da redação, da sensação de que não vai dar certo que acaba no alívio de um cigarro, agora já acho que não tenho mais nervos pra tanta adrenalina, não.
Longe das redações como estou, hoje comecei a viver esse rush de novo. Tudo o que podia dar errado com o livro começou a dar. Sim, estamos nos 45 minutos do segundo tempo: o projeto tem que tá na gráfica até sexta. O orçamento não bate, as mudanças no projeto original já foram feitas. É preciso pegar novos orçamentos, examinar possibilidades, mas já é hora do fechamento. E eu fico sem conseguir dormir, ouvindo Piazzolla e torcendo pra que tudo se resolva logo.
Sim, amigos menáge, se eu tiver um AVC um dia a culpa é disso! (Visualizaram minha mão em concha batendo no peito???)

domingo, 9 de maio de 2010

There must be an angel

Pra fechar o domingão, "There must be an angel", cantada por Fernanda Takai. E se o Pato Fu já deu o que tinha que dar, a moiçola aí tá arrasando solo. E vai arrasar no Festival de Inverno de Pedro II. (E eu dava dois dedinhos meus pra cantar assim, com essa voz miudinha e linda de quem não sabe bem se deveria mesmo estar cantando.)

sábado, 8 de maio de 2010

Dia dos Filhotes

No dia das mães, e em todos os dias, o que eu queria mesmo era ser suficiente pra vocês, meus três luizes, que me pariram mãe. Eu queria não ser tão impaciente, não estar sempre tão cansada, não ser tão controladora, não me exasperar por tão pouco, não ser tão superprotetora. Mas eu não sou uma pessoa muita afeita a limites. E, como vocês, estou ainda aprendendo.
Eu lembro bem do momento em que vi cada um de vocês pela primeira vez, do cheirinho de sangue e pele fresca, do choro desconsolado que só cessou quando eu dei o peito. Lembro de me sentir tão grande e poderosa, de sentir que estava compartilhando com Deus o poder da criação. Mas também lembro da sensação de ser só mais um animal com sua cria, de me sentir como um bicho - e de gostar disso. E desse momento em diante, da hora me que cada um de vocês deixou de ser um apêndice de mim e passou a ser vida em meus braços, eu nunca mais soube o que era amar em tranquilidade e paz. Porque junto com cada um de vocês nasceu em mim medo e culpa, como gêmeos de vocês.
O medo de morrer deixando vocês, o medo de que vocês adoeçam, o medo de não saber resolver, de não ter as respostas. E a culpa por me saber imperfeita. Porque quando vocês botam esses olhinhos puxados em cima de mim, sei que esperam que daqui saia sabedoria, que eu consiga trazer respostas, que eu tenha o caminho das pedras. E eu às vezes não tenho respostas nem pra mim. Pra falar a verdade, ultimamente não tenho tido respostas pra nada. E vocês merecem tão mais do que isso...
É por isso, e só por isso, filhotes, que eu me exaspero: pela consciência de ser tão pouco quando vocês merecem tão mais. É verdade que de vez em quando eu acredito que estou acertando: de manhã cedo, quando recebo o "bom dia, mamãe lindinha" do Antonio, quando o Zé segura a minha mão com medo de cachorro (de que eu também tenho medo mas não deixo que ele saiba), quando o Pedro finalmente me conta da menina que ele tá paquerando e me permite dar conselhos (mesmo que no fundo eu só pense que é muito, muito cedo e que se essa menina magoá-lo eu juro que vou matá-la!).
Eu sei que sigo errando, filhotes. Mas sempre tentando acertar. E me apego a esses momentos pra acreditar que posso ser sempre melhor pra vocês. Porque vocês são meus luizes. E vocês merecem o melhor sempre.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bom sinal

Taí, a chuva veio. E se mais tarde o sol abrir de novo, nem me importa mais, porque São Pedro me deu o bom dia mais lindo com úm céu fechado e o tempo úmido. Tem jeito melhor de começar o dia?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Qual o contrário de olho-de-boi?

Sede de chuva. Hoje eu acordei com uma sede absurda de chuva. Depois de um sonho esquisitíssimo e longo, depois de uma misteriosamente bem dormida noite, acordei querendo uma chuva beeem forte. Acho que no sonho Jorge Benjor tocava sem parar - vai ver ele tocava que "lá fora está chovendo mas assim mesmo eu vou correndo" ou algo do gênero. (Jorge Benjor tem muitas músicas de chuva, não?)
E parece até que tinha chovido a noite e vai ver por isso mesmo chovia no meu sonho esquisito (que nem era um sonho bom). Talvez o cheiro de chuva tenha invadido meu quarto e por isso eu quisesse tanto encontrar o céu caindo quando saísse da garagem.
São Pedro até tentou: o céu tava meio nublado. Mas não demorou muito abriu aquele solzão. E o dia passando e eu querendo chuva e trovão, daqueles que quebram lá de cima do céu, daqueles que só mesmo na Chapada do Corisco acontecem.
E à tarde eu tentava ajudar umas mãozinhas inexperientes a escrever e pensava que agora a chuva ia cair, mas nada. E lia o que Balandier tem pra dizer sobre a modernidade e pensava que podia cair uma chuva em cima do livro e eu não ter mais que entender nada disso.
E saí de novo de casa, sem chuva, pra assinar uns benditos papéis. Nessa hora eu juro que ouvi um trovão, mas devia mesmo ser fogos de artifício.
Depois de quase um mês sem pisar na análise, fazendo birra com a analista, resolvi reaparecer. Nessa hora - juro! - ia mesmo chover. Estacionei a duas quadras e fiz questão de deixar o guarda-chuva no carro. Vento forte. Céu fechado. Agora vou tomar um banho de chuva!
Que nada! Subi, deitei, falei, calei, desci. E a chuva, de novo, nada! Tudo o que encontrei foi um engarrafamento na Frei Serafim, seguido da impossibilidade de estacionar no Riverside (ainda sem presente pra mamãe, portanto!).
E agora a noite, eu e Balandier de mãos dadas, mas com afinidade zero. E o céu estrelado, rindo da minha cara. E pra que diabo adianta eu entender a modernidade se eu não consigo uma mísera gota de água do céu!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Melhorou! Melhorou! Melhorou!


Num disse que basta pouquinho pra melhorar meu humor de cão? Acordei com o pé esquerdo mas vou dormir com o direito hoje. Cheguei em casa e meu livrinho finalmente tinha chegado. E olha que eu tava esperando só pro dia 19! Gostei, gostei! Agora só falta eu arranjar tempo pra ler...

HUMPF!

"Muitos, muitos dinheiros" - tava lá escrito no orçamento que a gráfica me mandou hoje à tarde. Eu já quase não consigo abrir o e-mail de tanta ansiedade, e a piiiiiiiiiiiiiii da internet da faculdade sente meu desespero e demora ainda mais a carregar o tal do orçamento. Quando finalmente consegui ler, entendi o porque da demora: era tanto dinheiro que essa gráfica quer pra fazer o livrinho que até a internet ficou pesada.
Puta-que-pariu-caralho! Semanas planejando um lay-out feminino-sem-ser-cor-de-rosinha, fofo-sem-ser-infantil, versátil-sem-ser-joga-aí-em-qualquer-lugar, e aí vem a Halley e joga umas piscina olímpica de água fria nas nossas cabeças!
O pior é que eu ja tinha me apegado à idéia tão lindamente parida por mim, Danda e Grosélia. Porque o livro não ia ser assim, digamos, um livro, mas um objeto que era também um livro. E que poderia ser dividido e presenteado aos pedaços - pedacinhos de textos nossos, com ilutrações lindas da Gabriella Navarro, com a arte impecável da Grosélia, que podiam ser dados pro amigo, pra irmã, pra mãe ou pro brucutu ao lado.
"Desapegue-se, desapegue-se", repito como um mantra. Grosélia jurou que vai pensar em outra coisa, Elizângela tá tão desolada quanto eu. E eu mesma só consigo pensar que eu queria o livro daquele jeitinho, sem tirar nem pôr. Nenhuma idéia vai ser melhor que aquela. E agora vamos ter que nos contentar com o possível. E eu odeio o possível, o viável, o exequível.
Acho que hoje acordei com os dois pés esquerdos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Threesome and more



Às vezes basta umas coisinhas de nada pra me fazer feliz: uma aula deliciosa sobre blogs e comunidades virtuais, alunos participando, conversinha no corredor com Cris Portela, e o som de mensagem do celular tocando repetidas vezes com alguma variante da mesma mensagem: "Samba no coreto! É hoje. Bora?" E daí eu já nem me importo que o meu salto não me deixe sambar, e que de repente eu olhe em volta e todos nós - todos cinco - estejamos tomando coca-cola. Essa, sim, foi uma cena pra ficar pra história.


E mais memorável ainda foi chegar no Hashi e recusar o Campari matador do Pereira e encher a cara de cajuína enquanto brinco com o sonomono que não quer descer goela abaixo, enquanto penso com meus botõezinhos sobre a vida, e rio da eterna mania que vocês tem de zombar da minha estupidez e grosseria e do meu analfabetismo social. (Mas Dona Lunga é um pouco demais, tá?)


E, caso vocês não lembrem, bem ali tem um diploma que diz que eu sou comunicadora social, e isso deveria querer dizer que eu sei me comunicar. Ou não? Sei lá. Isso foi há tanto tempo que eu acho que de lá pra cá os protocolos mudaram e eu desaprendi a ler e escrever, a ouvir e falar.


Mas afinal, mesmo em Milton style, todos sóbrios e de cara, com vocês até lavar o carro vira programão pro sábado. E rir da vida e da gente é tão fácil!


(E pelo menos em uma coisa vocês tem razão: com o passar dos anos tô virando uma menininha sentimental mesmo.)




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Tudo truncado

"EU SABIA! EU SABIA! AGORA VOU SER UM CAFAJESTE!" Era esse o texto da mensagem que recebi no celular hoje à tarde. Não conhecia o número e fiquei me perguntando se aquela mensagem não tinha errado de endereço. Daqui a pouco toca meu telefone - ligação do mesmo número. Era um amigo que há tempos não vejo, dizendo que tinha lido a coluna M³ do domingo e que tinha entendido que bom mesmo era ser cachorro com as mulheres. (Na verdade, ele só queria justificar o que sempre foi e usou minhas palavras e da Danda como argumento.) Claro que dei uma boa gargalhada da desfaçatez da figura. E lembrei que na sexta outro amigo dizia algo parecido.
Em volta da mesa na irmandade Orelha, meu amigo cabeludo dizia que a partir de agora ia usar uma máscara de cafajeste, pra assim atrair mais mulheres e se tornar o projeto de vida de uma. Quando ele tirasse a máscara de vadio e passasse a ser o que sempre foi - um fofo - ela acharia que tinha conseguido mudá-lo e passaria a amá-lo muito. Um plano torto desses só podia vir daquela mente criminosa alimentada diariamente com suco de caixinha. Mas tenho que falar que nesse dia ele tomava Coca-cola, algo muito, muito forte pra ele. E deve ter sido por isso que bolou um plano tão desengonçado. Pensando agora na figura, fico imaginando como ele poderia enganar alguém, com aquele olhar angelical e aquele jeito manso, com a fala compassada e a voz que nunca vi levantar.
Mas o que ficou claro mesmo é que não, os homens não entendem nada do que a gente diz. E pouco importa se vem impresso num jornal e eles podem ler e reler. De tão óbvia que estava a coluna desse domingo, ainda assim dois espécimes insistiram em entendê-la errado. E eu fico cada vez mais inclinada a aderir a tese daquele amigo - a da incomunicabilidade dos sexos.

domingo, 2 de maio de 2010

Para a primovisky

Ela, de quem eu tanto gosto, me disse estar tão triste nesse domingo. "Normal, domingo é pra isso mesmo", pensei - mas não disse. Ela que tem uma alegria explosiva tão parecida com a minha e que agora se acha na obrigação de estar sempre sorrindo, sempre bombando, sempre a mil. Ela, que eu bem sei que não está triste por ser domingo, mas que deixou acumular pra esse dia inútil e modorrento a tristeza não sentida de vários dias, e que agora re-aparece com juros.
O que eu quis te dizer, querida, é que a alegria não pode ser um dever, mesmo que sua busca o seja. Lembre-se: somos feitas da mesma matéria, a matéria das mulheres Mesquita. Fomos forjadas em concreto armado e sonhos, misturados a purpurina e música. E lá no meio dessa mistura, em alguns pontinhos pequenos, temos nossas zonas sombrias.
Eu sempre gostei de flertar com essas sombras, e sempre voltei melhor a cada vez. Por que você não experimenta se deitar encolhida num cantinho escuro da alma e chorar? As lágrimas deixam a pele mais bonita e nossos olhos passam a enxergar melhor depois que a gente se permite chorar.
Faz assim: deita numa rede macia, que é o lugar propício pra se chorar dor-de-cotovelo, bota a Canção da Tristeza da Dolores Duran pra tocar, e pensa em todas essas coisas que você vem evitando pensar, afrouxa tudo o que aperta pra vazar. E cutuca a ferida mais uma vez e mais outra e mais quantas forem necessárias até ela sangrar. E ouve tambem Luz Negra cantada pelo Cazuza: impossível se sentir mais miserável e infeliz.
Depois você levanta, toma um banho, vai trabalhar, vai pra rua, vai dançar, vai beijar na boca, sei lá! Sai como o Menino Maluquinho de dentro do quarto, em cima de um foguete. Mas vai leve, sem aquele peso que as pessoas que se negam a sofrer tem, sem aquele olhar rancoroso das pessoas que não sabem o valor de um lágrima.
Amanhã a gente bomba pelo mundo, querida. Hoje, permita-se sofrer. E divirta-se com o seu pranto.