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domingo, 2 de maio de 2010

Para a primovisky

Ela, de quem eu tanto gosto, me disse estar tão triste nesse domingo. "Normal, domingo é pra isso mesmo", pensei - mas não disse. Ela que tem uma alegria explosiva tão parecida com a minha e que agora se acha na obrigação de estar sempre sorrindo, sempre bombando, sempre a mil. Ela, que eu bem sei que não está triste por ser domingo, mas que deixou acumular pra esse dia inútil e modorrento a tristeza não sentida de vários dias, e que agora re-aparece com juros.
O que eu quis te dizer, querida, é que a alegria não pode ser um dever, mesmo que sua busca o seja. Lembre-se: somos feitas da mesma matéria, a matéria das mulheres Mesquita. Fomos forjadas em concreto armado e sonhos, misturados a purpurina e música. E lá no meio dessa mistura, em alguns pontinhos pequenos, temos nossas zonas sombrias.
Eu sempre gostei de flertar com essas sombras, e sempre voltei melhor a cada vez. Por que você não experimenta se deitar encolhida num cantinho escuro da alma e chorar? As lágrimas deixam a pele mais bonita e nossos olhos passam a enxergar melhor depois que a gente se permite chorar.
Faz assim: deita numa rede macia, que é o lugar propício pra se chorar dor-de-cotovelo, bota a Canção da Tristeza da Dolores Duran pra tocar, e pensa em todas essas coisas que você vem evitando pensar, afrouxa tudo o que aperta pra vazar. E cutuca a ferida mais uma vez e mais outra e mais quantas forem necessárias até ela sangrar. E ouve tambem Luz Negra cantada pelo Cazuza: impossível se sentir mais miserável e infeliz.
Depois você levanta, toma um banho, vai trabalhar, vai pra rua, vai dançar, vai beijar na boca, sei lá! Sai como o Menino Maluquinho de dentro do quarto, em cima de um foguete. Mas vai leve, sem aquele peso que as pessoas que se negam a sofrer tem, sem aquele olhar rancoroso das pessoas que não sabem o valor de um lágrima.
Amanhã a gente bomba pelo mundo, querida. Hoje, permita-se sofrer. E divirta-se com o seu pranto.

Um comentário:

Mayra Cunha disse...

primíssima,

hoje mesmo, há pouco, comentava com savio sobre nossa conversa pela manhã. vc me deu uma injeção de ânimo. tomei um banho revigorante, pus uma roupa gostosa e saí pra passear sozinha, num dia lindo como todos os que têm feito em brasília. depois encontrei esse amigo lindo pra irmos ao cinema com direito a cervejinha gostosa depois. vim pra casa me sentindo mais leve, mais feliz e, com a incrível falta-de-obrigação de ser eternamente feliz. obrigada pelas palavras dessa manhã e de agora, depois de um dia delicioso que vc ajudou a ser bem mais feliz. te amo! bjs.