Um dia começa perfeito quando na noite anterior você descobre que não vai ter aula de manhã (sim, alunos são todos iguais...) E claro que, ao invés de aproveitar pra descansar, você decide começar a ler Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez, que você havia comprado e escondido estrategicamente entre outros livros na estante, pra não gastar seu pouco tempo com leituras que não interessam ao mestrado. E é claro também que você perde o sono (aquele que você normalmente nem tem) sentindo muita raiva - raiva de inveja - do autor que consegue ser tão jornalista ao escrever ficção, das suas frases tão fortes e concisas quando você sempre se perde em divagações ao escrever (como agora!).
E entre a inveja do autor e a delícia do texto, você vai dormir muito mais tarde do que deveria, já se culpando pelo humor de cão-chupando-manga-pôdre com que você vai acordar no dia seguinte.
Mas você acorda incrivelmente bem humorada, e fica se perguntando o que fazer com a liberdade de uma manhã inteira. (Tá, não é tanta liberdade assim, já que você tem que ir à editora terminar de descascar o pepino do dia anterior. Mas fora isso, ir ao Palácio da Música resolver detalhezinhos do lançamento é uma delícia).
E se almoçar sozinha é uma merda, chega logo um convite do amigo menáge pra um almoço. Sim, aquele mesmo amigo que te deixou esperando um suco que nunca chegou, na noite anterior. E o Papardelle vira palco de mais uma daquelas conversas terapêuticas, recheadas de piadas internas que só vocês mesmos entendem. (Rir de vocês mesmos é o que fazem melhor!)
Atrasada pra reunião do Rondon, você descobre que coisas ruins de passar são as melhores pra contar - e morre de rir olhando pro celular. Afinal, poucas pessoas devem gostar mais de contar histórias que você (OK, nem de longe tão bem quanto o Gutiérrez - ô, mágoa de caboco!). Suassuna não se discute, nem dele se discorda. Mas, metida como é, você ousa um pequeno complemento: histórias boas de viver e contar são ainda melhores.
4 comentários:
comecei a ler a trilogia no meio do meu turbilhão de estudos pra concurso + final de curso de jornalismo + trabalho na tv. ou seja, achei demais pra mim naquele momento. encostei na estante e ainda não tive coragem de pegar de novo. trauma? vou esperar vc terminar pra ver se encaro. bjs.
Complementar Suassuna é de fato uma ousadia, mas também uma possibilidade legítima, na medida em que o complemeto se cosntrói a partir da sua própria vivência. Mais uma coisa, só para não perder a condição de "o cara mais chato mundo", há um pequeno erro de concordância no seu post.
Ô, querido "cara mais chato do mundo", fui revisar e achei uns três erros!!!
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