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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Só contando

Um dia começa perfeito quando na noite anterior você descobre que não vai ter aula de manhã (sim, alunos são todos iguais...) E claro que, ao invés de aproveitar pra descansar, você decide começar a ler Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez, que você havia comprado e escondido estrategicamente entre outros livros na estante, pra não gastar seu pouco tempo com leituras que não interessam ao mestrado. E é claro também que você perde o sono (aquele que você normalmente nem tem) sentindo muita raiva - raiva de inveja - do autor que consegue ser tão jornalista ao escrever ficção, das suas frases tão fortes e concisas quando você sempre se perde em divagações ao escrever (como agora!).
E entre a inveja do autor e a delícia do texto, você vai dormir muito mais tarde do que deveria, já se culpando pelo humor de cão-chupando-manga-pôdre com que você vai acordar no dia seguinte.
Mas você acorda incrivelmente bem humorada, e fica se perguntando o que fazer com a liberdade de uma manhã inteira. (Tá, não é tanta liberdade assim, já que você tem que ir à editora terminar de descascar o pepino do dia anterior. Mas fora isso, ir ao Palácio da Música resolver detalhezinhos do lançamento é uma delícia).
E se almoçar sozinha é uma merda, chega logo um convite do amigo menáge pra um almoço. Sim, aquele mesmo amigo que te deixou esperando um suco que nunca chegou, na noite anterior. E o Papardelle vira palco de mais uma daquelas conversas terapêuticas, recheadas de piadas internas que só vocês mesmos entendem. (Rir de vocês mesmos é o que fazem melhor!)
Atrasada pra reunião do Rondon, você descobre que coisas ruins de passar são as melhores pra contar - e morre de rir olhando pro celular. Afinal, poucas pessoas devem gostar mais de contar histórias que você (OK, nem de longe tão bem quanto o Gutiérrez - ô, mágoa de caboco!). Suassuna não se discute, nem dele se discorda. Mas, metida como é, você ousa um pequeno complemento: histórias boas de viver e contar são ainda melhores.

4 comentários:

Mayra Cunha disse...

comecei a ler a trilogia no meio do meu turbilhão de estudos pra concurso + final de curso de jornalismo + trabalho na tv. ou seja, achei demais pra mim naquele momento. encostei na estante e ainda não tive coragem de pegar de novo. trauma? vou esperar vc terminar pra ver se encaro. bjs.

Américo Souza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Américo Souza disse...

Complementar Suassuna é de fato uma ousadia, mas também uma possibilidade legítima, na medida em que o complemeto se cosntrói a partir da sua própria vivência. Mais uma coisa, só para não perder a condição de "o cara mais chato mundo", há um pequeno erro de concordância no seu post.

Penélope Charmosa disse...

Ô, querido "cara mais chato do mundo", fui revisar e achei uns três erros!!!